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Vários governos e aditivos depois, 'caixa-preta' do BNDES não deu em nada; entenda o caso

Como revelou o 'Estado', o banco pagou R$ 48 milhões por uma auditoria que prometia abrir a 'caixa-preta' da instituições, mas não encontrou irregularidades nas operações

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Por Redação
Atualização:

Entenda passo a passo como o contrato do BNDES com um escritório internacional para prestar serviços jurídicos foi responsável pela auditoria que acabou não achando nenhuma irregularidade nas operações do banco com o grupo J&F.

Depois de passar por quatro governos, subcontratar empresas e receber dois aditivos, o custo do contrato passou de US$ 14 milhões (em torno de R$ 58 milhões) para US$ 17,5 milhões (superior a R$ 70 milhões).

2015 

Governo Dilma Roussef Presidente do banco Luciano Coutinho

  • Após concorrência internacional, BNDES assina contrato com a Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP para prestação de serviços jurídicos de diferentes naturezas, como pareceres e consultorias em direito internacional, até o valor de US$ 14 milhões.

Luciano Coutinho, presidente do BNDES durante o governo de Dilma Rousseff Foto: Estadão

2017 

Governo Michel Temer Presidente do banco Paulo Rabello de Castro

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  • Após a delação dos irmãos Batista, donos da JBS, e após escândalos envolvendo Odebrecht, BNDES é pressionado a contratar, no fim de 2017, uma auditoria externa para avaliar operações com essas empresas.
  • Focos do principal incêndio, operações com JBS viram prioridade inicial da auditoria.
  • BNDES decide aproveitar contratos com escritórios internacionais para fazer auditoria, já que maior parte das operações da JBS ocorreram no exterior.
  • Contrato com Cleary prevê inicialmente custo de cerca de R$ 16 milhões (entre US$ 5 milhões e US$ 6 milhões) - dentro, portanto, do limite de US$ 14 milhões do contrato.
  • Empresa Protiviti é subcontratada por cerca de R$ 3 milhões (aproximadamente US$ 1 milhão ao câmbio da época), para fazer uma varredura em equipamentos em e-mails em busca de documentos de interesse da auditoria.

Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES na gestão de Michel Temer Foto: Felipe Rau/Estadão

2018

Governo Michel Temer Presidente Dyogo Oliveira

  • Após varredura dos dados e início das entrevistas com funcionários do BNDES, escopo da auditoria aumenta. Para se ter uma ideia, a análise já alcançava até o fim do ano mais de 200 mil documentos, ante 100 mil previstos inicialmente.
  • Diretoria e Conselho de Administração aprovam aumento do valor da auditoria para pouco mais de R$ 20 milhões, valor que ainda se encaixava no contrato guarda-chuva com a Cleary.

Dyogo Oliveira, presidente do BNDES na gestão de Michel Temer Foto: André Dusek/Estadão

2019 

Governo Jair Bolsonaro Presidente: Gustavo Montezano

  • Em julho, Conselho de Administração do BNDES aprova a realização de um serviço complementar pela Cleary "para fins de conclusão do processo de investigação independente das operações com o Grupo J&F".
  • Em outubro, sob a gestão do atual presidente do BNDES, Gustavo Montezano, banco autoriza um aditivo de 25% no contrato-guarda chuva com a Cleary, que sobe de US$ 14 milhões para US$ 17,5 milhões.

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Gustavo Montezano recebeu como missão abrir a suposta caixa-preta do BNDES durante o governo de Jair Bolsonaro. Foto: Wilton Junior/Estadão - 19/7/2019
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