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Vazio de conectividade chega a 50 milhões de hectares

Para suprir demanda, seriam necessárias pelo menos 4 mil torres de celular; falta de recursos é obstáculo

Foto do author Isadora Duarte
Por Isadora Duarte (Broadcast), Tania Rabello e Vinicius Galera
Atualização:

Um total de 50 milhões de hectares na área rural do Brasil ainda não tem acesso à internet, o que demandaria entre 4 mil e 5 mil torres de celular e entre 4 mil e 5 mil licenças ambientais, informou o diretor de Novos Negócios da Nokia, Leonardo Finizola, no Summit Agronegócio Brasil 2019. Por isso, o executivo defendeu que o setor público auxilie o privado a sanar essa deficiência, essencial para a expansão de tecnologias na área rural. “Precisamos tirar amarras de tudo o que for possível para garantir essa comunicação, estimulando financiamentos.”

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A necessidade de licenciamento ambiental, de fato, limita o agronegócio brasileiro, considera o diretor de Negócios de Internet das Coisas da Claro, Eduardo Polidoro. “É o nosso principal problema de infraestrutura para esse segmento”, observou.  Sem estímulo. Para ele, empresas de grande porte e de capital aberto desistem de investir por causa da burocracia do trâmite de autorização das estruturas de conexão. “Cada torre colocada em área agrícola necessita de licença ambiental, mesmo sendo próximo à sede da fazenda ou em área já cultivada. É um processo moroso e custoso”, afirmou.

Mesmo com esse “vazio” de 50 milhões de hectares, o setor vem investindo pesado em soluções integradas que dependem de conectividade. Conforme o gerente de vendas para o mercado comercial da Motorola, Alex Farias dos Santos, anteriormente havia uma “distância muito grande” entre empresas de telecomunicações e empresas do agronegócio, mas hoje os setores buscam “soluções e tecnologias diferentes, mas de maneira integrada”, afirmou. “Trabalhamos em conjunto com desenvolvedores, em soluções ligadas à conectividade, serviços e assistência técnica.”

O diretor de Produtos Corporativos & IoT da TIM Brasil, Alexandre Dal Forno, também reconhece que ainda é grande o desafio para o setor produtivo trabalhar com maquinário de alta tecnologia, que depende 100% de conectividade. “É um gargalo. Quais soluções vêm sendo desenvolvidas para o agronegócio? O desafio é regulatório e de cultura, não tecnológico”, disse. 

A Tim criou uma solução 4G no campo que, segundo Dal Forno, é multiplataforma. A tecnologia atende às necessidades do produtor e de quem mora no campo, afirma. A área de cobertura abrange Mato Grosso e a região de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). 

A CNH Industrial também vem trabalhando no desenvolvimento de soluções que garantam maior autonomia às máquinas agrícolas, contou o especialista em telecomunicações da empresa para a América Latina, Renato Coutinho. “O piloto automático para agricultura de precisão e manejo agrícola já é feito praticamente todo pela máquina, com interferência mínima do operador. O desafio é passar a tomada de decisão para o equipamento, como, por exemplo, a mudança de trajeto e de área de trabalhos de campo conforme as alterações climáticas”, exemplificou.

Um dos possíveis reflexos da automatização das máquinas agrícolas, considerou Coutinho, é uma readequação de operação das fabricantes e montadoras. “Um eventual efeito é passarmos a ser uma empresa mais focada em serviços e soluções para máquinas do que fabricantes de máquinas”, avaliou. Coutinho ponderou, contudo, que a autonomia das máquinas no campo ainda carece de regulamentação tanto no âmbito nacional quanto internacional.

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Alexandre Dal Forno (TIM), Alex Santos (Motorola), Leonardo Finizola (Nokia), Renato Coutinho (CNH) e jornalista Gustavo Porto Foto: Hélvio Romero/ Estadão
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