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VCP suspende financiamento de US$ 1,8 bilhão para Aracruz

Companhia congela operação para compra depois de a Aracruz divulgar problemas com derivativos

Por Alberto Alerigi Jr. e da Reuters
Atualização:

A Votorantim Celulose e Papel suspendeu plano para contratar linha de crédito de US$ 1,8 bilhão que seria obtida junto ao JPMorgan na operação de fusão da empresa com a Aracruz, informou nesta sexta-feira o presidente-executivo da VCP, José Luciano Penido. A VCP tinha acertado em 23 de setembro carta de compromisso com o JPMorgan de financiamento para a compra de participação na Aracruz dentro da operação de união das companhias.   Veja também: Dólar alto prejudica balanço das empresas de papel do País Consultor responde a dúvidas sobre crise   Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise A cronologia da crise financeira  Dicionário da crise    A empresa chegou a tomar um hedge de US$ 600 milhões para se proteger de riscos de variação cambial decorrentes do financiamento e acabou liquidando a operação via marcação a mercado depois que a Aracruz divulgou no final de setembro forte exposição a derivativos cambiais que na época tinham valor justo de cerca de R$ 1,95 bilhão negativos.   "Esse hedge de 600 milhões estava vinculado ao empréstimo que seria tomado no dia 6 de outubro junto ao JPMorgan para o pagamento da operação, que não foi feito, então a VCP desfez a operação em 6 de outubro", disse o executivo, respondendo perguntas apenas de analistas reunidos em teleconferência. "Nós não tomamos o empréstimo, foi negociada uma carta de compromisso com o JPMorgan para, na eventualidade de termos de prosseguir com a operação, nós termos garantido todo o financiamento da operação. Essa carta não se traduziu em contrato até porque o JPMorgan levantou cláusula de mudança material adversa e com isso esse contrato não prosseguiu", disse Penido, esclarecendo que a cláusula foi levantada por causa das perdas da Aracruz com derivativos. Segundo a companhia, quando a negociação com a Aracruz avançar, e não há prazo para isso, a empresa estudará alternativas de financiamento necessárias.   Penido afirmou que a operação vai prosseguir "quando acharmos que voltou a haver uma racionalidade no mercado financeiro internacional e que os acionistas possam voltar a sentar e reendereçar a questão dos valores razoáveis para este negócio dentro do novo modelo econômico". O executivo afirmou que a VCP não tem obrigação de prosseguir com a compra da participação da Aracruz sob as atuais condições (o negócio foi adiado por prazo indeterminado) e que acredita que os "valores pactuados poderão ser revistos para refletir a realidade do mercado". Eventuais multas a serem aplicadas caso ocorra uma desistência vão ser responsabilidade da Votorantim Industrial e não da VCP, afirmou. A VCP divulgou nesta sexta-feira prejuízo de R$ 586 milhões para o terceiro trimestre depois de lucro líquido de R$ 278 milhões um ano antes.   Mercado Apesar do cenário de acúmulo de estoques de celulose causado pela contenção de compras de clientes impactados pela crise financeira internacional, a VCP mantém sua previsão de vendas de 1,2 milhão de toneladas do produto em 2008. "Esse acúmulo de celulose no mercado, nos próximos três a quatro meses deve se diluir até porque, além da restrição de oferta de alguns produtores, haverá anúncio de fechamentos definitivos de plantas de celulose principalmente na Escandinávia", disse Penido.

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