PUBLICIDADE

Publicidade

Veículos: fuja de financiamentos muito longos

Ao dividir as prestações de um automóvel em planos de 40 a 60 meses, consumidores podem chegar a pagar mais que o dobro do preço original do veículo. Analistas recomendam compra à vista.

Por Agencia Estado
Atualização:

Financiar um carro ou imóvel em prazos muito longos pode acabar em mau negócio. Isso porque os juros que incidem mês a mês nas prestações tornam o valor do bem financiado muito maior que o preço à vista, considerando as altas taxas cobradas nos empréstimos no Brasil. No setor de comércio de automóveis, os financiamentos extensos são bastante comuns. Salvo uma ou outra exceção, as taxas cobradas pelas principais montadoras nos planos de 36 a 60 meses estão hoje entre 2% e 3,5% ao mês. Para se ter uma idéia de como prazos muito extensos aumentam o valor dos financiamentos, é bom acompanhar alguns exemplos. No caso da compra de um veículo de R$ 10 mil, financiado em 36 prestações, com juros de 2% ao mês, o comprador terá desembolsado R$ 14.123,88 no final do plano, um montante 41% maior que o preço do automóvel à vista. Nas mesmas condições, se o prazo considerado for de 60 meses, o valor pago no fim do empréstimo soma R$ 17.260,80, 72% a mais que o preço à vista. Naturalmente, quanto maior é a taxa de juros cobrada pelo banco, maior é o custo total do financiamento. Se os juros considerados nos casos anteriores fossem de 3,5% ao mês, o plano de 36 meses resultaria num valor total de R$ 17.742,24 e o de 60 meses, em R$ 24.053,40. Neste último caso, o dinheiro desembolsado pelo comprador corresponde a mais que o dobro do preço à vista. Na opinião do analista financeiro Mauro Halfeld, quando o consumidor não tem condições de comprar o automóvel à vista, o melhor que tem a fazer é tentar reunir uma boa parcela do preço do carro para dar como entrada e deixar uma pequena parte a ser dividida em poucas prestações. Quanto o menor volume que precisa ser financiado, explica, menor o peso dos juros no valor total pago. "Um outro detalhe que pouca gente leva em conta é que, quando o consumidor tem dinheiro no bolso, é ele quem impõe as regras. Quando não tem, quem impõe é o vendedor", comenta. Mauro Halfeld diz que os financiamentos, em geral, são recomendáveis para pessoas que desejam desfrutar imediatamente do bem que será financiado. "Quem pode esperar um pouco mais para comprar o veículo à vista deve se propor a juntar o dinheiro mês a mês em algum tipo de investimento, com a vantagem de que irá receber juros sobre o capital aplicado durante o período da poupança". O professor de finanças da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Alberto Borges Matias, lembra ainda que, quase sempre, os juros anunciados pelas montadoras não correspondem ao custo que, de fato, é cobrado nos financiamentos. "É bom que o consumidor fique atento às taxas administrativas que, em geral, os bancos cobram e também para o reajuste das prestações com base nos índices de inflação, em alguns casos", afirma. Alberto Matias procura diagnosticar a razão pela qual os consumidores buscam os financiamentos: "O fato é que no Brasil não se tem o hábito de poupar. As pessoas só conseguem juntar dinheiro para adquirir um bem caso estejam sob pressão, caso tenham prestações a pagar. É por isso que os financiamentos têm tanto sucesso, mesmo com taxas de juros tão absurdas", completa. Confira no link abaixo as taxas cobradas pelos principais bancos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.