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Veja depoimentos de quem viu o valor do Bolsa Família subir durante a pandemia

Beneficiários dizem que acréscimo não apaga as dificuldades causadas pelo coronavírus

Por David Max e e Robert Pedrosa
Atualização:

De uma hora para outra, as famílias que recebem o Bolsa Família viram seu benefício multiplicar de valor com a pandemia do novo coronavírus. Entre abril e maio, foram beneficiadas pelo programa 14,27 milhões de famílias. Veja depoimentos sobre o impacto disso nas rotinas das pessoas. 

‘Apesar do valor maior do auxílio, não vai sobrar dinheiro’

Luciana Félix: "É um valor que pode até não ser muito para algumas pessoas, mas me ajuda bastante" Foto: Alexandre Gomes/Estadão

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Por Luciana Félix, 44 anos, vendedora em São Luís

“Moro na periferia da capital do Maranhão e faço parte há cinco anos do grupo de pessoas que recebem o Bolsa Família. É um valor que pode até não ser muito para algumas pessoas, mas me ajuda bastante na hora de comprar alimentos no supermercado para a minha família e a pagar os serviços essenciais da nossa casa, como água e luz.

Antes, recebia R$ 130 por mês com o benefício. Agora, durante o período em que estiver recebendo o auxílio emergencial, de R$ 1,2 mil, vou conseguir cobrir as principais despesas, é um dinheiro que vai ajudar a suprir as necessidades da minha família.

Apesar do salto no valor que recebia, o dinheiro não vai sobrar. Eu até tento guardar alguma coisa para uma emergência lá na frente, mas é muito difícil, acabamos gastando quase tudo com alimentação. E as coisas estão cada vez mais caras. Entendo a importância das medidas de isolamento social por causa da covid-19, mas tudo isso acabou afetando muito a minha renda e a do meu filho. O meu trabalho depende de gente podendo circular nas ruas. 

A gente não sabe até quando vamos precisar ficar em casa, mas tudo que espero agora é que esse problema passe logo e que a rotina possa ser restabelecida. Quero voltar a trabalhar e ter também um complemento de renda. O auxílio tem me ajudado muito mesmo, mas o que mais quero agora é que essa epidemia passe e que as coisas voltem a ser como eram antes. É difícil, mas vamos vencer esse vírus.” 

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‘Essas dificuldades acabam fazendo parte da rotina da gente’

Maria dos Milagres: "Preferia não ter de passar por esse momento tão difícil" Foto: Benonias Cardoso/Estadão

Por Maria dos Milagres, de 32 anos, diarista em Teresina

"Fazia duas faxinas por semana, e com os R$ 480 mensais que recebia, mais os R$ 130 do Bolsa Família, eu ia cobrindo as minhas despesas e as do meu filho de 14 anos, que precisa de cuidados especiais e tenta receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), mas até agora não conseguiu. Quando vi que iria receber o auxílio de emergência, comemorei. É um dinheiro muito bem-vindo, que vai me ajudar a colocar as contas em dia. Vou guardar uma parte, pois a gente não sabe o dia de amanhã. Preciso ter cuidado para não faltar depois lá na frente, quando isso passar. 

Apesar dessa ajuda, preferia não ter de passar por esse momento tão difícil, em que tanta gente está morrendo e tantas famílias estão sendo destruídas. Eu me coloco no lugar dessas pessoas que perderam seus entes queridos e todo dia peço a Deus para proteger a todos nós. Temos uma vida difícil, mas é melhor sempre estarmos com saúde e podendo sair de casa.

As dificuldades acabam fazendo parte da rotina da gente. Minha última faxina foi no dia 12 de março. As pessoas me dispensaram para reduzir o risco de contaminação e, desde então, eu tinha como renda certa apenas os R$ 130 do Bolsa Família, agora o auxílio emergencial finalmente foi depositado. 

Nesses últimos meses, só não passei fome porque estava recebendo doações de vizinhos e de instituições de caridade. Mas as contas de água, gás e os gastos no supermercado estavam atrasados, enquanto esperava receber a primeira parcela do auxílio emergencial.” 

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