
29 de março de 2021 | 14h32
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta segunda-feira, 29, uma medida provisória que promete melhorar o ambiente de negócios no Brasil e elevar em 20 posições a colocação do Brasil no ranking Doing Business, do Banco Mundial, que avalia a facilidade de fazer negócios em 191 países. Atualmente, o Brasil ocupa a 124ª posição.
A medida traz ações para reduzir a burocracia na abertura de empresas, regras para conselhos de administração de companhias de capital aberto e mudanças no comércio exterior. O texto da MP ainda não foi divulgado. As principais mudanças previstas na MP, de acordo com o Ministério da Economia, são:
Até agora, o empresário precisava se cadastrar em três órgãos tributários diferentes. Com a MP, o cadastro será centralizado em um único CNPJ. Cidades que adotarem esse balcão único poderão reduzir os procedimentos de abertura de empresas de 10 para três e abrir empresa em um dia.
Segundo o governo, essa exigência só existe no Brasil. Para abrir uma empresa, era necessário uma análise de viabilidade sobre o endereço informado – pesquisa prévia que incluía, às vezes, visita de fiscais ao local de funcionamento da empresa. Com a MP, o empresário poderá fazer uma consulta prévia na internet.
Até agora, isso era feito no momento da abertura da empresa, o que levava mais tempo. Além de checar previamente a disponibilidade do nome empresarial pela internet, o empresário poderá usar o CNPJ para registrar o nome da empresa.
Assembleia-Geral poderá deliberar sobre alienações e contribuições significativas e sobre celebração de transações com partes relacionadas segundo critérios de relevância da CVM. Prática é recomendada pelo Banco Mundial. Além disso, o prazo de antecedência da primeira convocação da Assembleia-Geral passa de 15 para 30 dias e a CVM pode adiar a data por até 30 dias se documentos relevantes não forem divulgados aos acionistas.
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29 de março de 2021 | 12h40
BRASÍLIA - O governo lançou nesta segunda-feira, 29, um conjunto de medidas voltadas para a melhoria do ambiente de negócios. No rastro da aprovação da lei da liberdade econômica no início do mandato de Jair Bolsonaro, a nova MP ataca barreiras que dificultam a vida de quem quer investir e deve permitir ao Brasil subir, segundo a estimativa da equipe econômica, 20 posições no ranking “Doing Bussiness” do Banco Mundial, que avalia os países onde é mais fácil fazer negócios.
Recuperação desigual
O secretário Especial de Produtividade, Carlos da Costa, prevê que o Brasil terá condições de entrar pela primeira vez no Top 100 do ranking com a MP e outras medidas já adotadas, como a lei de falências. Na última divulgação, o Brasil aparece em 124º lugar, atrás de países da América Latina como Chile, Colômbia e México.
Segundo o secretário, com a pandemia da covid-19, o governo optou em editar uma Medida Provisória (MP) para ter impacto mais rápido na fase de retomada econômica. “Fomos muito pragmáticos em atacar pontos específicos para facilitar investimentos e destravar novos empregos”, diz o secretário, que lembra que a Índia foi o País que mais subiu nos últimos 10 anos no ranking, saltando 70 posições.
O “Doing Business” passa por uma revisão devido a falhas identificadas, mas o Banco Mundial deve apresentar um novo relatório em maio. Como não houve divulgação no ano passado, a expectativa é que uma segunda lista saia também no final do ano, explicou a secretário de Advocacia da Concorrência e Competitividade do Ministério da Economia (SEAE), Gianluca Lorenzon.
A MP traz medidas para cinco de dez pontos que são avaliados pelo ranking do Banco Mundial: abertura de empresas, obtenção de eletricidade ( o tempo para estar energia numa edificação nova), investidores minoritários, comércio exterior e execução de contratos.
A medida mais importante, com potencial de levar o Brasil a subir quatro pontos na lista, é a unificação das inscrições das empresas no guarda-chuva do CNPJ, como já acontece com as pessoas físicas no CPF. Para abrir hoje, uma empresa, o empreendedor tem que ter, além do CNPJ, tem que ter uma inscrição estadual para emitir o ICMS e outra também municipal para o IPTU e o ISS.
“Isso demora dias. Para quem é empresário, isso é inferno”, diz Lorezon. Segundo ele, uma das razões para governadores e prefeitos não unificarem a inscrição era a falta de uma regra clara de compartilhamento de dados com a Receita Federal. “Com essa proposta, poderão fazer isso de maneira tranquila”, diz o secretário.
Outra medida amplia para as empresas de risco médio a permissão de licenciamento automático de funcionamento. Hoje, com a lei de liberdade econômica, empresas de baixo risco já têm o licenciamento automático, um contingente de 10 milhões de CNPJ, de acordo com o Ministério da Economia.
A nova MP cria a faixa de risco médio. Cada Estado e município vai definir os parâmetros, mas o tamanho deve ficar entre 750 metros e 1,5 mil metros, desde que não tenha produtos infláveis e nem lide com muita gente no seu estabelecimento.
Uma terceira medida torna obrigatório a existência de um conselheiro independente no Conselho de Administração em empresas que estão na bolsa. O conselheiro independente não está diretamente ligado à empresa e já é adotado por muitas empresas no Brasil. “Estamos tornando obrigatório”, explicou o secretário.
A MP também determina a fixação de um prazo máximo para que a energia seja ligada em uma nova construção. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai definir o prazo. Hoje, o prazo médio é de 120 dias entre Rio e São Paulo e o governo espera reduzir pelo menos à metade.
O governo também desburocratiza o mecanismo de licenças automáticas de importações. O Brasil é um dos países que mais exige licenças de importações para os produtos. Ao contrário do resto do mundo, onde essas licenças são exceção. Elas acabam funcionando como barreiras não tarifárias. A MP ordena que todas as licenças sejam revistas. Também determina critérios para a criação de novas licenças.
Gianluca Lorezon também cita a retirada da restrição que tradutores juramentados e intérpretes só possam atuar num único Estado, onde retirou as restrições. O governo diz que a melhoria na pontuação permite atrair mais investimentos estrangeiros.
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