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Venda da Bolsa de NY reabre discussão sobre disputa por Cetip

ICE, que comprou a Bolsa de Nova York, é a maior acionista individual da empresa, com fatia de 12,3%

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Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

A compra da Bolsa de Nova York pela ICE traz de volta a possibilidade de a Cetip ser alvo de aquisição para a constituição de uma grande bolsa no Brasil. Os principais candidatos seriam, conforme relatório do banco Barclays enviado ontem a clientes, a ICE e a BM&F Bovespa.A ICE tem 12,3% e é a maior acionista da Cetip - a principal central de negócios com títulos de renda fixa da América Latina, que quer atuar também como Bolsa de Valores no Brasil.A participação da ICE na Cetip, segundo relatório do Barclays, parece grande demais para algo como um "acordo estratégico" e pequena demais para um investimento minoritário. Para Marcelo Henriques, analista do BTG Pactual, a bolsa não deve fazer um movimento de fusão com a concorrente. Isso porque, segundo ele, a BM&FBovespa está confiante de que pode replicar o negócio da Cetip. O Barclays não aposta em uma transação no curto prazo, mas destaca que a Cetip continua sendo uma porta de entrada caso a nova empresa resultante da junção da ICE com a Nyse siga com o seu projeto de expansão para outras regiões. Neste caso, a ameaça de concorrência para a BM&FBovespa, tanto em derivativos quanto em ações, aumenta.Sobre o impacto do negócio na Cetip, Henriques, do BTG, destaca, em relatório enviado a clientes, que a ICE está mais focada nos EUA e pode esperar resultados mais consistentes da concorrência entre a BM&FBovespa e a Cetip no Brasil antes de investir de maneira mais agressiva no País. Ele também lembra que instituições como Bradesco e Banco do Brasil estão mais inclinadas a migrarem os seus negócios para a BM&FBovespa. Negócios semelhantes. BM&FBovespa e Cetip são, cada vez mais, espelho uma da outra. A bolsa está prestes a começar a registrar instrumentos de renda fixa, tais como Certificado de Depósito Bancário (CDB) e LCI. A companhia já recebeu autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e aguarda apenas o aval do BC. Já a Cetip, que passou por um processo de profissionalização durante o período em que teve o fundo Advent como sócio, decidiu se tornar uma operadora de bolsa. O foco é atuar com contratos de derivativos que ainda não existem no Brasil. O prazo de implementação pode durar, segundo informou recentemente à imprensa, Francisco Carlos Gomes, diretor vice-presidente de Relações com Investidores da Cetip, cerca de 18 meses. A cobiça em cima da Cetip não vem de hoje. O interesse da BM&FBovespa foi levantado antes mesmo de a Cetip abrir o capital, em 2009. Na ocasião, os negócios ficaram apenas em conversas preliminares. Recentemente, a empresa atraiu o interesse de players internacionais como uma alternativa lógica para concorrer com a BM&FBovespa.A principal barreira de entrada para novas bolsas no Brasil é a Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia da bolsa (CBLC). Neste caso, a Cetip também seria a opção mais viável para o ingresso de uma concorrente. A empresa recebeu autorização do BC para seguir adiante com a criação de uma câmara de compensação e liquidação (clearing) para atuar como contraparte central no empréstimos de ativos e derivativos de balcão. Além disso, é mais fácil ajustar uma estrutura do que começar do zero.

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