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Venda de alimentos cresce em março

Por Agencia Estado
Atualização:

O ano começou para valer para os supermercados e as indústrias de alimentos na primeira quinzena de março. O ritmo de vendas nesses dois segmentos, que em janeiro e fevereiro estava abaixo de igual período do ano passado, acelerou-se no início do mês. A perspectiva agora dos fabricantes e do varejo é de fechar o primeiro trimestre repetindo o desempenho dos mesmos meses de 2001, o que é um resultado surpreendente diante dos prognósticos negativos traçados no fim do ano passado. "Trabalhamos com a hipótese de registrar até algum crescimento no trimestre", prevê o coordenador do Departamento Econômico da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Denis Ribeiro. Em janeiro, a produção física da indústria de alimentos foi 1,4% menor do que a registrada no mesmo mês de 2001. Números preliminares indicam que em fevereiro a retração foi menor, de cerca de 0,5%. "Para março, o desempenho foi melhor ainda e poderemos ter um crescimento de 4% a 5% na comparação anual", afirma Ribeiro. Esse número é confirmado pela Adria, fabricante de massas e biscoitos. O presidente da companhia, Sérgio Almeida, conta que em março as vendas cresceram 4% na comparação com igual período de 2001. Levando-se em conta os mesmos produtos, o crescimento de volumes no primeiro trimestre está na casa de 5% ante igual período de 2001. A empresa hoje já trabalha em quatro turnos de seis horas, usando 80% da capacidade instalada. "Temos novos equipamentos importados que estão chegando ao País para serem usados a partir do segundo semestre deste ano", afirma o executivo. Varejo - O ritmo mais acelerado já começou a ser captado no varejo. O vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Sussumo Honda, diz que a média diária de vendas registrada na primeira quinzena do mês nos supermercados paulistas ficou entre 2% e 3% acima da obtida em fevereiro. Ele pondera que o ritmo se acelerou na segunda quinzena de março por causa da Páscoa. Na sua opinião, a partir de abril será possível ter uma idéia mais clara do novo nível de consumo. "Em abril teremos a confirmação dessa mudança." Já o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), José Humberto Pires de Araújo, diz que ainda não sentiu crescimento de vendas no mix geral dos supermercados. A reação, ressalta, está concentrada nos produtos de época. Em sua opinião, os negócios vão deslanchar somente em maio, com impacto efetivo no faturamento de junho, após a absorção do pagamento do novo salário mínimo que entra em vigor segunda-feira. Dinamismo - "A economia já está rodando em outro patamar", diz Ribeiro, da Abia. Esse dinamismo, segundo ele, resulta de uma combinação favorável de fatores. Entre eles, o economista aponta o fim do racionamento de energia e a recomposição mais intensa dos estoques de alimentos, que permaneceram baixos no varejo em janeiro e fevereiro. Ribeiro aponta também fatores que estão tornando o ambiente macroeconômico mais favorável, como a tendência de queda nos juros e a relativa estabilidade do dólar, que deixou de pressionar os preços. Com isso, o consumidor, mais confiante, voltou às compras, ainda que a renda real do trabalhor esteja deprimida e o desemprego continue em níveis elevados. O consultor de varejo da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA/USP), Nelson Barrizzelli, diz que essa volta do consumidor às compras nesta época do ano já era esperada. Além do ambiente econômico mais favorável, ele argumenta que o consumidor, que assumiu dívidas no fim do ano e não comprou em janeiro e fevereiro, terminou de quitar os compromissos. Por isso, ele estaria agora apto a gastar novamente. Na opinião do consultor da Tendências, Fabio Mattos, essa retomada indica que está ocorrendo uma "descompressão" do ambiente macroeconômico. Esse alívio está levando, segundo ele, o consumidor num primeiro momento a comprar bens não duráveis, como alimentos, que são produtos de baixo valor unitário e que não dependem do crédito, uma vez que os juros continuam elevados.

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