Foi o pior outubro para o varejo desde 2001, início da série histórica da pesquisa. Em relação a outubro de 2014, as vendas caíram em todos os itens. Os analistas, na média, esperavam ainda menos: queda de 0,2% no comércio restrito.
Como em dezembro muitos trabalhadores deixam para a segunda quinzena do mês as compras de Natal, após receber a segunda parcela do 13.º salário, é difícil de saber se a recuperação de outubro se deveu a uma antecipação do consumo do fim do ano. Mas com inflação alta e emprego e renda em baixa é improvável que as famílias façam mais dívidas para consumir.
A concentração dos gastos em itens básicos indica bom senso do consumidor. As compras em hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo cresceram 2% entre setembro e outubro, com leve queda de 0,3% na comparação com outubro do ano passado, resultados muito acima da média.
O item tecidos, vestuário e calçados avançou 1,9% no mês, nem de longe recuperando a queda de 9,7% em relação a outubro de 2014 e de 6% nos últimos 12 meses. Em móveis e eletrodomésticos houve alta mensal de 0,6%, mas a queda foi de 16,1% comparativamente a outubro de 2014 e de 10,8% em 12 meses.
Em alguns itens, o volume de vendas deteriorou-se muito nos últimos meses. É o caso, em outubro, das vendas de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-23,9%), veículos e motos (-23,9%), material de construção (-15,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-9%). Nem a compra de remédios se sustenta, o que pode ser explicado pela queda do poder aquisitivo da população de maior faixa etária, mais dependente de medicamentos.
Até consumidores cuja renda real foi preservada tendem a pensar duas vezes antes de gastar.