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Venda do pão por peso não agrada consumidor

Clientes reclamam do aumento do preço na hora de levar o pãozinho para casa

Por Agencia Estado
Atualização:

A venda do pão francês por peso, iniciada no dia 20 de outubro, não parece ter agradado ao consumidor brasileiro, já habituado a pedir um certo número de pães na padaria. Em enquete feita pelo Portal Estadão, a maioria dos leitores foi contra a medida estipulada pelo Inmetro. Dos 530 internautas que responderam à pergunta "Você está satisfeito com a venda do pãozinho por peso, e não mais por unidade?", 339 se mostraram insatisfeitos com a mudança. Entre as principais reclamações está o aumento do gasto das famílias com a compra do pão. "Tenho 4 pessoas para tomar café de manhã, e os R$ 0,80 com que costumava comprá-los não são mais suficientes. Estou gastando em média R$ 0,96", afirma Taro Miura, de Jacareí. O presidente da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), Alexandre Pereira, explica que a mudança foi feita em benefício do consumidor, pois este "está pagando o que leva". Na venda por unidade, a lei exigia que todos os pães pesassem 50 gramas, o que, segundo ele, não acontecia. "Nas periferias dos grandes centros, as padarias estavam vendendo pães de 30 a 35 gramas a um preço mais barato, dando a falsa impressão de ter melhores preços. Com a mudança, se o pão for mais pesado, o consumidor paga mais, e vice-versa". De acordo com Alexandre, a diferença no preço se dá porque agora o consumidor paga o preço real por um pão de 50 gramas, que antes poderia ter 40g e custar a mesma coisa. "O que estamos fazendo é orientar as padarias a continuar fabricando pães de 50g, para que as pessoas continuem levando a mesma quantidade pelo mesmo valor". Falta de tabelamento Outra reclamação é a falta de tabelamento no preço do quilo. "Os comerciantes se aproveitaram desta nova determinação para aumentar o valor do produto", afirma Cristiano Araújo, de São Paulo. O preço do pão não é tabelado desde 1989. Atualmente, o consumidor paga entre R$ 4 e R$ 6 pelo quilo do pão. Segundo Alexandre, a associação não estuda aplicar tal medida. "A diferença no preço beneficia o consumidor, pois incentiva as padarias a se modernizarem para oferecer um produto melhor. O maior beneficiado pela concorrência nos preços é o comprador." Mais pesado A venda por peso traz outra desconfiança ao consumidor: estariam as padarias fabricando um pão de qualidade inferior, porém mais pesado? Evandro de Sousa Campos, de Oliveira (MG) acredita que sim. "As padarias estão deixando o pão mais branco (mais cru) para ganharem no peso", diz, apoiado por Reinaldo Casagrande, de São José dos Campos. Antero Pereira, presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sindipan) e da Associação dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Aipan), afirma que isso não acontece. "Não acredito nisso, pois o maior patrimônio de uma padaria é o consumidor, e ele não é bobo. Se for a um estabelecimento e não encontrar um produto de boa qualidade, não volta", diz. Apesar de ser contra a mudança, Marcelo Neves Gonçalves, de São Paulo, confirma: "Se acho que o comerciante vende um produto que não me agrada, seja pelo peso, ou pela qualidade, ou ainda pelo preço, procuro algum concorrente que o faça". Outro lado Apesar de a maioria ser contra a mudança, alguns leitores se mostraram satisfeitos. É o caso de Sidney Sanches Biscaino, de Santo André. "Não se justifica cobrar um valor fixo por unidade, para um alimento que tem variação em seu tamanho e peso", opina. Roberto P. Santos, de Castilho (SP), demonstra esperança. "Quem sabe eles finalmente parem de fazer aqueles pães enormes, completamente ocos, para enganar os clientes. As padarias vão ter que competir na qualidade do produto e não mais no tamanho", afirma.

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