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Vendas brasileiras aos EUA devem cair mais

Além do câmbio desfavorável e da concorrência chinesa, pode haver redução da demanda

Por Marcelo Rehder
Atualização:

A participação dos Estados Unidos na pauta de exportação brasileira, que já vem caindo nos últimos anos, tende a diminuir ainda mais com a crise. Entre 2003 e o ano passado, a fatia das vendas externas brasileiras para o mercado americano encolheu de 25,4% para 15,6% do total exportado pelo País. Segundo José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), esse processo, que era motivado por vários fatores, como a taxa de câmbio desfavorável e a concorrência dos produtos chineses, passa a sofrer também os efeitos da redução da demanda. "As vendas para os Estados Unidos só não caíram ainda graças à exportação de petróleo, cujos preços estão em alta", observa Castro. No ano passado, enquanto as exportações totais do País cresceram 16% em relação a 2006, as vendas externas para os EUA aumentaram apenas 2,2% - para US$ 25,065 bilhões. Houve acréscimo de US$ 540 milhões no comércio brasileiro para os EUA, garantido pelo aumento de US$ 1 bilhão nas vendas de petróleo bruto. As empresas buscam mercados alternativos. Na HVM do Brasil, fabricante de componentes para iluminação em néon, as vendas para os Estados Unidos, seu principal mercado até pouco tempo atrás, despencaram. No ano passado, a queda foi de 25% em relação a 2006. "Um dos motivos é a retração da demanda nos EUA por nossos produtos, que são usados também para iluminação arquitetônica", diz Mauritius Dubnitz, presidente da HVM. Segundo ele, as vendas estão sendo direcionadas para novos mercados, como a França e Itália, que têm despontado como bastante promissores para o negócio da sua empresa. Tanto que a empresa já fatura 50% de suas exportações em euros. Há dois anos, esse porcentual era de 30%. Suas exportações representam 98% do que produz. A Cerâmica Eliana, maior exportadora brasileira do setor, resolveu diminuir suas exportações para os Estados Unidos, direcionando os produtos para o mercado doméstico, que está bastante aquecido. Segundo Edson Gaidzinski, presidente da empresa, no ano passado as vendas para os EUA foram reduzidas para US$ 65 milhões, ante US4 75 milhões em 2006. Em volume de produtos, a queda foi ainda maior, porque a empresa aumentou em 10% seus preços em dólar. Já a Caribea, fabricante de chapas de madeira compensada para a indústria de móveis e construção civil, resolveu deixar de exportar para os Estados Unidos. A empresa, que destinava 100% de suas exportações para o mercado americano, passou a vender produtos de maior valor agregado para a Europa. "Não temos mais preço nem mercado para nossos produtos nos Estados Unidos", diz o dono da Caribea, Guilherme Fernando Greggio.

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