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Vendas de Natal devem cair em relação a 2004

Por Agencia Estado
Atualização:

As vendas de Natal deste ano devem dar continuidade a uma trajetória de crescimento, apesar de demonstrarem um avanço inferior ao obtido no ano passado. Depois de concluir 2004 com um dos melhores resultados dos últimos anos, o comércio varejista trabalha com a expectativa de fechar as festas de 2005 com um aumento de vendas de até 7% nas previsões mais otimistas e com um cenário de estabilidade na pior das hipóteses. No entanto, no início do ano, o discurso de entidades que integram este segmento apontava, em alguns casos, para a possibilidade de um avanço superior a 10%. A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), por exemplo, acredita que o faturamento do setor crescerá entre 5% e 7% neste final de ano. Mas, depois do avanço de 15% nesse indicador em 2004, a entidade apostava que poderia registrar um aumento das vendas entre 10% e 12% este ano. Já a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) trabalha com a expectativa de uma alta de 4% para este ano, depois de ter cogitado um crescimento superior a 5%. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) também mudou suas previsões: no início de 2005, a entidade previa um crescimento entre 3% e 3,5%; depois rebaixou essa estimativa para uma queda de 5%; e agora retomou um pouco o otimismo com a previsão de estabilidade das vendas ou no máximo de uma alta de 2%. Em geral, as três entidades destacam que o resultado deste ano será positivo, principalmente se considerada a forte base de comparação fixada em 2004 e os acontecimentos que marcaram o País. Enquanto a crise política atacou a administração federal, o PIB demonstrou mês a mês que não seria capaz de repetir a performance de 2004 de um crescimento na faixa de 5%. Cenário político Segundo o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, o cenário político e econômico esteve entre os fatores que levaram à redução das metas de crescimento para o Natal ao longo do ano. "Há uma preocupação em relação a este cenário", afirma Sahyoun, lembrando que se reuniu há alguns meses com diversos empresários do setor varejista para debater o assunto. "Este era o sentimento de todos." O assessor econômico da Fecomercio-SP, Altamiro Carvalho, insiste que já é possível perceber um impacto dos acontecimento políticos e econômicos no consumo, apesar de os dados de vendas continuarem apresentando crescimento. "Estamos sentindo isso em todos os indicadores", afirma Carvalho, exemplificando que os consumidores devem deixar de lado a compra de bens duráveis neste fim de ano. Outro exemplo, segundo ele, é o fato de o Índice de Confiança do Consumidor medido pela entidade estar atualmente em 131 pontos, dez pontos abaixo do registrado no acumulado de 2004. Para o economista da ACSP, Marcel Solimeo, a interferência do quadro político e econômico no consumo tem sido compensada principalmente pela forte abundância da oferta de crédito no País. "Houve um impacto, mas que por enquanto se concentrou mais na indústria", afirma o economista. "No consumo, continuamos a observar um aumento do crédito, que tem compensado esse problema", acrescenta. Risco de inadimplência Mas tanto a Fecomercio-SP quanto a ACSP insistem que essa fartura do crédito pode ajudar a criar um problema no ano que vem, caso o governo não aplique mudanças significativas na política econômica. "Temos observado uma recuperação da renda e uma redução dos juros, mas elas estão ocorrendo de forma muito lenta", explica Solimeo, da ACSP. O resultado dessa tendência, segundo ele, é o risco de uma elevação da inadimplência em 2006, que já começou a preocupar o setor varejista. Carvalho, da Fecomercio-SP, acrescenta que a manutenção desse quadro poderá significar uma retração no setor no ano que vem. "No longo prazo, isso tende a contrair todas as atividades varejistas", afirma.

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