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Vendas de veículos disparam em dezembro

Consumidores correm para aproveitar promoções antes da alta de juros provocada pelo pacote de crédito e vendas sobem 39% em relação a 2009

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Em vez de provocar uma retração no consumo, como pretendia o governo federal, as medidas de restrição ao crédito editadas pelo Banco Central no início do mês incentivaram a antecipação de compras e este pode ser o melhor mês da história em vendas de automóveis novos.A indústria iniciou dezembro com previsão de vender 316,5 mil veículos, mas já fala em 355 mil.Até quarta-feira foram emplacados 205.917 veículos, sendo 194.518 automóveis e comerciais leves e o restante caminhões e ônibus. Significa uma média de 17.159 unidades por dia útil, um recorde para essa medição.O resultado da quinzena é 10,3% maior que o de igual período de novembro e 39% superior ao de dezembro do ano passado. O recorde mensal até o momento é o de março, último mês de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), com 353,7 mil unidades.De janeiro até quinta-feira, as vendas acumuladas somam 3,33 milhões de unidades ante 3,14 milhões em todo o ano de 2009. A previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) era de encerrar 2010 com 3,45 milhões de unidades comercializadas, mas esse número pode ser um pouco superior, caso o ritmo atual de vendas se mantenha.O economista Ayrton Fontes, da MSantos, consultoria especializada no segmento de varejo de veículos, acredita que, nesta segunda quinzena é possível que ocorra queda nos negócios. "Além de menos dias úteis, os consumidores se dispersam e ainda por cima tem a influência das novas regras inibidoras para financiamentos anunciadas recentemente pelo Banco Central."A maioria dos bancos já trabalha com juros mais altos por causa da exigência do aumento do depósito compulsório (recursos que os bancos são obrigados a manter no BC). Para modelos populares, o juro médio em um plano de 60 prestações sem entrada subiu de 1,3% para 1,8%. Com entrada de 40% do valor do bem, a taxa cai para 1,4%.O modelo Celta, da General Motors, foi vendido até o último fim de semana em 60 parcelas fixas de R$ 598,50, sem entrada. Hoje, a prestação está em R$ 719,60. O juro mensal é de 1,8%. Ao fim de cinco anos, o carro terá custado R$ 7.266,00 a mais.Nas mesmas condições de prazo, o Corsa poderia ser pago em 60 parcelas mensais de R$ 758,60, prestação que agora é de R$ 824,70. Ao fim do plano, o consumidor terá desembolsado quase R$ 4 mil a mais. O juro para esse modelo é promocional, segundo a GM, de 1,61% ao mês.Janeiro. A indústria, porém, acredita que as medidas de aperto ao crédito não terão influência significativa nos negócios neste mês.Marcos Munhoz, diretor geral de Comunicações, Relações Públicas e Governamentais da GM, diz que, para algumas montadoras "2010 teve 13 meses". Segundo ele, no dia 3 de dezembro a marca atingiu volume de vendas de 614 mil veículos, ultrapassando o resultado de todo o ano passado, de 595,5 mil unidades."Devemos fechar o ano com cerca de 650 mil unidades, resultado recorde", prevê Munhoz. Até quinta-feira, o saldo já era de 624 mil automóveis de passeio e comerciais leves.A preocupação da indústria automobilística se volta para janeiro, quando é esperado impacto mais forte nas vendas. Dirigentes do setor esperam que a medida do BC tenha curta duração.

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