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Vendas do varejo atingirão pico em setembro, prevê IDV

Segunto instituto, setor apresenta expansão consistente, mas aperto monetário pode frear avanço 

Por Ricardo Leopoldo e da Agência Estado
Atualização:

O Índice Antecedente de Vendas (IAV), apurado pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), indica que a expectativa do comércio é de que as vendas subam 5,6% em julho, ante o mesmo mês do ano passado, e aumentem 6,2% em agosto, ante o mesmo mês de 2009. De acordo com o indicador, os dirigentes de estabelecimentos comerciais vinculados ao IDV, que representam cerca de um terço do faturamento do varejo no Brasil, preveem que as vendas atinjam em setembro um pico de 6,5%, em relação ao mesmo período de 2009.

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"Esses números indicam que o varejo apresenta uma expansão consistente que deve ser mantida nos próximos meses em função de alguns fatores como alta geração de emprego, avanço da renda da população e aumento da concessão de crédito", explicou Flávio Rocha, conselheiro do IDV e presidente das lojas Riachuelo. De acordo com Marcelo Waideman, economista-chefe da GS&MD Gouvêa de Souza, o índice deve antecipar em cerca de 120 dias o movimento das vendas de varejo, apurado pela pesquisa mensal do comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"As vendas do setor em setembro, por exemplo, serão divulgadas pelo IBGE em novembro, enquanto o IAV já pode hoje indicar qual é a tendência para aquele mês", afirmou Waideman. Segundo ele, é perguntado às 33 empresas vinculadas ao IDV qual é o sentimento de vendas para o mês corrente e dois meses adiante em relação ao mesmo período do ano anterior, o que tira qualquer efeito sazonal. De acordo com Flávio Rocha, a evolução do nível de atividade, a despeito da desaceleração que já ocorre a partir do segundo trimestre, deve levar o varejo a registrar um bom desempenho neste ano e apresentar um aumento de vendas de 10% em 2010, ante 2009.

Aperto monetário pode pôr 'freio de mão' no varejo 

O presidente das lojas Riachuelo avaliou à Agência Estado que o aperto monetário defendido pelo Banco Central (BC) desde abril pode "colocar um freio de mão nas vendas do varejo" no final deste ano e no início de 2011. "O Brasil está em expansão sustentável e não existe inflação alta. Ao contrário, o IPCA-15 de julho apresentou deflação (0,09%)", disse.

"Os aumentos de juro pelo Banco Central estão sendo muito fortes e deveriam ser mais graduais. Não há nenhuma razão para a Selic estar no atual patamar (10,75% ao ano), que é bem mais alto do que é praticado na Grécia e na Espanha", comentou, referindo-se a países que fazem parte da zona do euro e passam por sérias dificuldades econômicas.

Para Rocha, os juros altos já começam a influenciar na intenção de compra dos consumidores, embora ele avalie que as vendas no decorrer do ano devem apresentar um desempenho favorável. Ele teme, contudo, que a força do aperto monetário possa até prejudicar as vendas do setor no final do ano. "A alta de juros adotada pelo Banco Central está sendo excessiva e pode prejudicar as vendas de varejo adiante, pois já dão sinais de arrefecimento", apontou.

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Na avaliação do empresário, a alta de juros pode trazer efeitos no final do ano com o fim da queda da inadimplência por parte dos consumidores. Porém, ele ressalta que a criação de cerca de 2 milhões de empregos formais neste ano deve atenuar a influência negativa da elevação da Selic sobre o adiamento da quitação de prestações por parte das famílias.

Rocha manifestou ter esperança que o próximo governo que tomará posse em janeiro adote uma atenção especial para a política monetária e reduza o patamar de juros registrados hoje no Brasil. Segundo a pesquisa Focus, a Selic deve atingir 12% em dezembro. "Além da redução de juros será também importante uma melhora expressiva da gestão das contas públicas, área fiscal", comentou. "Com a redução dos gastos oficiais os juros de longo prazo tendem a cair".

Segundo ele, a redução de tais taxas deve ajudar a queda da Selic no curto prazo, o que trará dois efeitos positivos: diminuir o impacto dos juros sobre a dívida pública federal e permitir aumento dos investimentos pelo setor privado. "No varejo, por exemplo, o custo financeiro é muito elevado e a queda dos juros vai ajudar a reduzir tais despesas, o que deve ampliar os investimentos e geração de mais empregos", analisou.

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