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Vendas do varejo caem 3,1% em fevereiro, o maior recuo desde 2003

Forte aumento no preço da gasolina e queda no rendimento dos trabalhadores explicam parte do recuo anual, segundo o IBGE; apenas para meses de fevereiro, resultado foi o pior desde 2001

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

Atualizado às 12h30

Já em fevereiro ante janeiro, o recuo foi de 0,1%, na série com ajuste sazonal. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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As vendas do comércio varejista restrito caíram 3,1% em fevereiro ante o mesmo mês de 2014, o recuo mais intenso desde agosto de 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando apenas os meses de fevereiro, foi o pior resultado desde 2001 (vejo o gráfico abaixo)

As estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções variavam entre recuo de 3,50% e queda de 0,40%, com mediana negativa de 2,25%. 

Já em fevereiro ante janeiro, o recuo foi de 0,1%, na série com ajuste sazonal. O resultado também veio dentro do intervalo das estimativas, que iam de uma queda de 0,50% até uma alta de 1%, e abaixo da mediana, positiva em 0,15%. 

Até o segundo mês do ano, as vendas do varejo restrito acumulam queda de 1,2% no ano e alta de 0,9% nos últimos 12 meses. 

Em relação ao varejo ampliado - que inclui as atividades de material de construção e de veículos -, as vendas caíram 1,1% em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal. Já na comparação com fevereiro do ano passado, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram queda de 10,3%. Foi o pior recuo de toda a série histórica da Pesquisa Mensal do Comércio, iniciada em 2003.

"A conjuntura econômica não está favorável, e as famílias estão com renda comprometida", lembrou Juliana Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Segundo ela, o mês de fevereiro ainda teve queda de 1,5% na massa de rendimento dos trabalhadores em relação a igual mês de 2014. Aumento de preços em setores como o de combustíveis também diminuiu o apetite dos consumidores, citou a gerente.

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Até o segundo mês deste ano, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam quedas de 7,5% no ano e de 3,8% nos últimos 12 meses.

"O efeito calendário também prejudicou o comércio, pois neste ano o carnaval ocorreu em fevereiro. É um mês típico por menos dias úteis", afirmou Juliana. "Além disso, em fevereiro costuma haver maior incidência de tributos", acrescentou.

Além dos dados negativos de fevereiro, o IBGE revisou para baixo os resultados do varejo restrito e do ampliado em janeiro ante dezembro. O índice subiu 0,3%, menos do que a alta de 0,8% apurada inicialmente. Já no varejo ampliado, as vendas na mesma base de comparação foram revisadas para queda de 0,2%, ante alta de 0,6% na leitura inicial.

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Segundo o IBGE, o índice de média móvel trimestral das vendas do comércio varejista restrito caiu 0,7% no trimestre encerrado em fevereiro. Já no varejo ampliado, o índice recuou 1,9%. 

Gasolina mais cara. O aumento dos preços da gasolina em fevereiro levou os consumidores a reduzirem a demanda pelo produto, o que impactou negativamente o resultado do varejo, explicou Juliana, do IBGE. 
O setor de combustíveis e lubrificantes teve queda de 5,3% nas vendas em fevereiro ante janeiro. "A gasolina sofreu aumento em fevereiro, então houve redução de consumo nos postos", disse Juliana. Segundo ela, devido à intensa queda, o setor foi um dos que mais influenciou no recuo de 0,1% nas vendas do varejo restrito (que não incluem veículos e materiais de construção) em fevereiro ante janeiro.
Segundo a gerente do IBGE, os combustíveis ficaram 10,2% mais caros em 12 meses até fevereiro deste ano. O resultado ficou acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 7,7% mesmo período, notou Juliana. "O maior preço faz com que haja queda no consumo", afirmou.
Na comparação com fevereiro de 2014, o setor de combustíveis e lubrificantes teve queda de 10,4% nas vendas, segundo o IBGE. 
As vendas de veículos automotores também tiveram queda: de 3,5% em fevereiro ante janeiro e de 23,7% ante o mesmo mês de 2014. Também tiveram queda nas vendas os segmentos de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios (-0,2%), tecidos, vestuário e calçados (-0,7%), móveis e eletrodomésticos (-1,3%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-1,3%) e material de construção (-0,7%).
Do lado positivo, tiveram incremento nas vendas os segmentos de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+0,8%), livros, jornais, revistas e papelaria (+1,0%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (+1,8%).

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