RIO - As vendas do comércio varejista ficaram estáveis (0,00%) em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal, informou nesta terça-feira, 9, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a estagnação, manteve-se o patamar de vendas 6,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em outubro de 2014, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE. Em dezembro de 2016, as vendas chegaram a ficar 13,4% abaixo do ápice da série histórica, iniciada em 2000. "Estagnou em relação a janeiro, mas a gente não pode deixar de observar que houve crescimento antes. A gente não pode ignorar todo esse esforço que o varejo fez para recuperar (desde dezembro de 2016)", ponderou Isabella Nunes, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE.
O resultado veio ligeiramente abaixo da mediana (0,10%) estimada pelos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 1,40% a um avanço de 1,00%.
Na comparação com fevereiro de 2018, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 3,9% em fevereiro de 2019. Nesse confronto, as projeções iam de uma elevação de 1,40% a 6,00%, com mediana positiva de 3,00%.
Acumulado
As vendas do varejo restrito acumularam crescimento de 2,8% no ano. No acumulado em 12 meses, houve avanço de 2,3%. "Atividades que dependem de uma renda mais folgada das famílias não estão mostrando retomada (para o território positivo em 12 meses), só as atividades básicas. É uma característica do varejo atualmente", apontou Isabella Nunes. "A palavra estabilidade está muito presente nos resultados de fevereiro do varejo", completou. Segundo a pesquisadora do IBGE, a recuperação no setor ainda é lenta em resposta a um mercado de trabalho com geração modesta de empregos. "A taxa de desocupação cresceu nesse mês de fevereiro, um milhão de desocupados a mais. A massa (salarial) está estável, por conta de uma reposição do salário mínimo. Se você não tem geração de empregos virtuosa, nem em quantidade nem em qualidade, o comércio reage. A inflação está mais comportada do que no ano anterior, tem vários grupamentos com menor inflação, mas ainda assim a massa de salários que circula na economia não cresce", ressaltou Nunes
Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas caíram 0,8% em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal. O resultado também veio pior que a mediana (-0,3%) das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde um recuo de 2,20% a uma alta de 5,30%. As vendas de Veículos, motos, partes e peças caíram 0,9%, enquanto o setor de Material de construção teve redução de 0,3%.
Na comparação com fevereiro de 2018, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 7,7% em fevereiro de 2019. Nesse confronto, as projeções variavam desde um recuo de 1,90% a uma alta de 10,80%, com mediana positiva de 7,80%.
As vendas do comércio varejista ampliado acumularam alta de 5,4% no ano. Em 12 meses, o resultado foi de avanço de 4,9%.
Já o índice de média móvel trimestral das vendas do comércio varejista restrito teve queda de 0,6% em fevereiro de 2019. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o índice de média móvel trimestral das vendas registrou redução de 0,5% em fevereiro.
Quatro atividades do varejo em alta
Quatro entre as oito atividades do varejo registraram avanços nas vendas em fevereiro ante janeiro, apontou o IBGE. Na média global, houve estabilidade (0,0%) no volume de vendas.
Entre os setores em expansão, o destaque foi para Tecidos, vestuário e calçados (4,4%), seguido por Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%), Livros, jornais, revistas e papelaria (0,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,1%).
As perdas ocorreram em Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7%), Combustíveis e lubrificantes (-0,9%), Móveis e eletrodomésticos (-0,3%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,0%).
As vendas dos supermercados, atividade com maior peso na pesquisa, foram prejudicadas por uma elevação nos preços dos alimentos, informou Isabella Nunes, do IBGE. "Os preços afetaram o desempenho de supermercados tanto na comparação com ajuste sazonal quanto na interanual", observou ela.
Revisão de dados
O IBGE revisou o resultado das vendas no varejo ampliado em dezembro de 2018 ante novembro, de uma queda de 1,7% para um recuo de 1,8%. O dado de novembro ante outubro foi revisto de alta de 1,3% para 1,4%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) referente a janeiro de 2019, divulgada nesta terça pelo IBGE.