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Vendas domésticas já esvaziam pátios

Redução do IPI reabilitou o mercado de automóveis e acelerou produção

Por e SÃO PAULO
Atualização:

Às vésperas de o governo federal decidir se mantém a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, os pátios das montadoras mostram cena bem diferente da situação de alguns meses atrás, antes do corte do imposto. A reportagem do Estado sobrevoou a região de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde se concentram quatro das principais montadoras do País, em duas ocasiões diferentes. Em meados de dezembro, a área parecia um imenso estacionamento. Hoje, há espaço de sobra nas áreas para carros recém-saídos da linha de montagem. O cenário, na opinião de executivos, é resultado do corte do IPI de 7% para 0% nos carros populares (com motor 1.0) e de 11% para 5,5% e de 12% para 6,5% nos modelos com motor acima de 1.0 até 2.0, flex e a gasolina, respectivamente. Para caminhões, a alíquota de 5% também foi zerada. A medida entrou em vigor em 12 de dezembro, com prazo até o dia 31. O governo deve prorrogar o corte pelo menos por mais três meses. Foi uma das poucas, ou talvez a única medida anticrise que deu resultados efetivos, junto com a oferta maior de crédito ao consumidor. A prorrogação será discutida nesta semana entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, e executivos das montadoras. Em dezembro, montadoras e lojas tinham estoques de 305 mil veículos, equivalente a quase dois meses de vendas. As fábricas suspenderam a produção e deram férias coletivas. Houve demissões, suspensão de contratos temporários e licença remunerada. No fim de fevereiro, os estoques já haviam baixado para 181,5 mil veículos, suficientes para 27 dias. As vendas, que em novembro caíram 25% ante outubro, chegando a 177,8 mil, reagiram para 194,5 mil em dezembro, 197,5 mil em janeiro e 199,4 mil em fevereiro. Este mês, devem ficar próximas a 240 mil, o que levará o setor a encerrar o trimestre com resultado similar ao de igual período de 2008. Nos dois últimos meses, houve reação. A Volkswagen, cujo pátio parecia um mar de carros em dezembro, chamou pessoal para trabalho extra em todos os sábados deste mês. Seu pátio hoje está mais vazio, assim como os das vizinhas Ford, Mercedes-Benz e Scania. A Fiat chegou a alugar a pista de um aeroporto desativado em Oliveira, no interior de Minas Gerais, para acomodar dois mil carros que não cabiam nos pátios da fábrica em Betim. Este mês, também operou aos sábados, além de recorrer a horas extras durante a semana. Junto com 13 fabricantes de autopeças, a Fiat renovou acordo de garantia de emprego até 20 de abril e seus fornecedores se comprometeram em recontratar 510 funcionários, desde que a produção se mantenha nos níveis atuais. Para manter o IPI reduzido, o governo deve pedir a manutenção de empregos. Antes arredias ao compromisso, as montadoras devem aceitar, desde que sejam excluídos os contratos temporários e o pessoal terceirizado. Também querem o direito de adotar programa de demissão voluntária (PDV). Sem a redução do IPI, algumas empresas calculam que as vendas podem cair até 30%.

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