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Vendas na indústria crescem 1,72% em 2006

Aceleração do ritmo de crescimento das vendas e acomodação das horas trabalhadas no último mês do ano sinaliza percepção positiva para 2007, diz CNI

Por Agencia Estado
Atualização:

As vendas reais na indústria de transformação cresceram 1,72% em 2006 na comparação com 2005, segundo divulgado nesta segunda-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Já o número de horas trabalhadas apresentou alta de 1,8% ano passado, na mesma base de comparação. Em dezembro, as vendas subiram 1,93% ante o mesmo mês de 2005, e 2,92% na comparação com novembro de 2006, em termos dessazonalizados. O número de horas trabalhadas praticamente se estabilizou, apresentando um crescimento de 0,59% em dezembro ante 2005 e uma queda de 0,69% na comparação com novembro de 2006. Segundo a CNI, "a combinação de aceleração do ritmo de crescimento das vendas e a acomodação das horas trabalhadas na produção sinaliza uma queda de estoques, o que gera uma percepção positiva para a atividade industrial neste início de 2007". No quarto trimestre, as vendas reais ampliaram-se 3,92% em relação ao terceiro trimestre. Segundo a CNI, as vendas cresceram estimuladas pelo aumento da renda da população, pela expansão do crédito e pela estabilidade da taxa de câmbio. A CNI também destaca que as vendas na indústria cresceram em oito dos últimos dez meses. Em relação ao emprego, os postos de trabalho na indústria cresceram 2,21% no ano passado em relação a 2005. Capacidade instalada O nível de utilização da capacidade instalada na indústria de transformação ficou em 82%, em dezembro de 2006, em termos dessazonalizados. O indicador estava em 82,2%, em novembro de 2006, e em 81,7%, em dezembro de 2005. A CNI destaca que a utilização da capacidade instalada em dezembro é a mesma taxa observada para as médias do quarto e do terceiro trimestres. No entanto, o nível em que consolidou está um ponto porcentual acima da média do indicador, entre 2000 e 2006. Segundo a CNI, a atividade industrial pode intensificar o ritmo de crescimento no curto prazo, sem gerar pressões de custo às empresas, porque ainda existe "relativa folga" no parque fabril. A entidade ressalta, porém, que esta folga não é muito grande, já que a capacidade instalada estabilizou-se acima da média dos últimos anos, o que mostra a necessidade de aumentar o investimento para que o País possa crescer a um ritmo mais forte. Demanda O economista-chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, afirmou que os números dos indicadores industriais de dezembro não causam preocupação quanto a uma pressão de demanda. Castelo Branco disse acreditar, por esse motivo, que a redução no ritmo da queda da taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 13% ao ano), pelo Comitê de Política Monetária (Copom), decidida no dia 25 de janeiro, não foi influenciada pela capacidade do parque fabril de atender a eventuais aumentos de demanda. Na reunião, o Copom interrompeu as quedas de 0,5 ponto porcentual na Selic e passou a reduzi-la em 0,25 ponto. Para o economista, a decisão do Copom está mais ligada ao anúncio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da economia, que prevê estímulos fiscais. "Esta é a análise que nós fizemos e que todos os analistas de mercado estão fazendo", disse Castelo Branco. Ele acrescentou, no entanto, que a decisão do Copom de reduzir a dimensão da queda da taxa não pode ser considerada uma surpresa, porque o Banco Central já vinha anunciando uma mudança no patamar de quedas. "A utilização da capacidade instalada da indústria mostra que é possível crescer sem causar tensões nos mercados. Por isso, não achamos que essa seja a razão para o Banco Central mudar o patamar da queda dos juros", afirmou. Ele disse que, além das medidas fiscais previstas no PAC, preocupa os analistas também o fato de o programa não ter uma contenção de gastos públicos. Para o economista da CNI, a queda nos gastos correntes é importante para aumentar os investimentos e, em conseqüência, gerar taxas maiores de crescimento econômico. Castelo Branco entende que a redução dos juros, nos últimos meses, não foi suficiente para estimular um crescimento da economia em ritmo maior. Ele citou como entraves a taxas de crescimento maiores a carga tributária, os problemas em infra-estrutura, a burocracia e os gastos correntes do setor público. Segundo o economista, o setor público é responsável por 40% dos gastos da economia como um todo, mas responde por apenas 15% do total de investimentos. Castelo Branco avaliou, também, que o impacto do PAC na decisão de investimentos das empresas será pequeno em 2007, porque as desonerações anunciadas ficaram aquém do esperado. Ele lembrou que, entre as medidas aguardadas e não anunciadas no PAC, estavam a redução do prazo de compensação da Cofins - de 24 meses para 12 meses - e a redução do porcentual de exigência de exportações feita às empresas para concessão de desoneração fiscal na compra de máquinas e equipamentos. O economista comentou ainda que as ações do PAC, por serem restritas a determinados setores, não terão impacto sobre o setor privado de um modo geral. Matéria alterada às 15h28 para acréscimo de informações

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