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Vendas no comércio caíram 11,31% em março

Por Agencia Estado
Atualização:

As vendas do comércio varejista em março caíram 11,31% ante igual mês do ano passado, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é o maior percentual de queda do setor ao longo de toda a série de resultados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), de acordo com o IBGE. Segundo a instituição, o desempenho deste mês foi bastante influenciado pelo "efeito calendário", visto que o Carnaval este ano caiu em março, diminuindo o número de dias úteis do mês em 2003, em relação a março de 2002. Os resultados acumulados também são negativos: as vendas no comércio caíram 5,98% no primeiro trimestre do ano, ante igual período no ano passado, e tiveram queda de 1,92% no período de doze meses, ante o período imediatamente anterior. Embora o IBGE tenha registrado queda no volume de vendas do comércio varejista, a receita nominal de vendas do setor manteve-se positiva no mês, segundo informou o instituto. Em março deste ano, a receita do setor subiu 9,28% ante março de 2002. Os resultados acumulados também são positivos: a receita acumulada no primeiro trimestre subiu 14,23% ante igual período em 2002; e cresceu 9,50% no acumulado dos últimos doze meses, ante o mesmo período imediatamente anterior. Porém, o desempenho negativo do volume de vendas do varejo se verificou em todas as áreas e regiões do País em março. Segundo o IBGE, o resultado negativo foi generalizado, atingindo as cinco atividades que respondem pelo resultado global do setor, e todas as 27 unidades da federação. As reduções com maior influência na formação da taxa geral se verificaram em São Paulo (-10,79%); Rio de Janeiro (-14,55%); Minas Gerais (-11,83%); Rio Grande do Sul (-10,22%); e Bahia (-14,23%). Por setores, o principal impacto negativo no desempenho do varejo coube mais uma vez ao segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com redução no volume de vendas de 13,06% em comparação com março de 2002, seguido por Demais artigos de uso pessoal e doméstico (-8,98%); Móveis e eletrodomésticos (-16,31%); Combustíveis e lubrificantes (-7,98%); e Tecidos, vestuário e calçados (-5,37%). Houve ainda variações negativas nos subsetores Veículos, motos, partes e peças (-19,02%) e Hipermercados e supermercados (- 12,73%) São Paulo e no Rio de Janeiro As taxas negativas no volume de vendas em São Paulo e no Rio de Janeiro foram os principais fatores que levaram à queda de vendas no varejo nacional, segundo o IBGE. O comportamento do varejo foi ditado pelo desempenho de vendas dos dois centros mais representativos do setor. São Paulo e Rio de Janeiro apresentaram queda no volume de vendas -10,79% e -14,55%, respectivamente, em março deste ano, ante igual mês do ano passado. Os dois Estados explicam quase 60% da taxa mensal de -11,31% apresentada pelo comércio varejista nacional, em março de 2003. Ao contrário do que se verificou no ano passado, em 2003 o varejo de São Paulo acumula, nos três primeiros meses, resultado relativamente melhor do que o do Rio de Janeiro, com queda no volume de vendas de 5,65%. No Rio de Janeiro, a taxa foi de -7,87%. A diferença se explica, basicamente, pelo desempenho de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Este setor apresenta queda maior no Rio de Janeiro (-13,40%) do que em São Paulo (-6,47%). IBGE esperava queda menor A queda de 11,31% nas vendas do comércio varejista nacional no mês de março ante igual mês do ano passado já era esperada pelo IBGE, "mas não com tanta intensidade", segundo o economista do órgão, Nilo Lopes, responsável pela análise da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje. "Tudo indicava que o resultado seria negativa por causa do efeito calendário, já que o carnaval este ano caiu em março, ou seja, houve menor número de dias úteis neste mês, em 2003, do que em março de 2002", disse. Mas o economista considerou que o IBGE aguardava uma queda de 6% e não de 11,31%, o pior resultado de toda a série histórica da pesquisa iniciada há três anos. Ele considerou que o resultado ruim é originado de um longo processo de cenário negativo, afetado por juros altos, achatamento de renda e inflação alta. "Isso vem causando recuo na demanda há meses", disse. Apesar do desempenho ruim em março, Lopes acredita que as perspectivas são positivas para o seto r de comércio. Ele lembrou que a economia já mostra sinais positivos, como a valorização do real perante o dólar e a desaceleração em vários índices de inflação. "O primeiro passo para a retomada do crescimento do setor de comércio seria a redução na taxa básica de juros", disse, lembrando que a taxa está em 26,5% ao ano, nível que ele considera muito alto e prejudicial para as vendas do comércio varejista. O técnico do IBGE alertou que fatores como queda no desemprego e aumento de renda são processos "de longo prazo". Na avaliação de Lopes, a retomada das vendas pode ocorrer no início do segundo semestre deste ano - mas somente se o governo decidir reduzir os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), programada para a próxima semana.

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