Publicidade

Vendas no varejo nos EUA caíram em julho

Queda anual chegou a 8,3%, e número de hipotecas executadas aumentou 7% no mês

Por Gustavo Chacra e NOVA YORK
Atualização:

As vendas do varejo nos Estados Unidos caíram 0,1% em julho, em comparação ao mês anterior. A queda anual foi ainda mais acentuada, de 8,3%, de acordo com o Departamento do Comércio. Outro indicador negativo foi o aumento de 7% no total de hipotecas executadas no mês passado, demonstrando que, conforme o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) informou ontem, a economia americana está enfraquecida, apesar de começar a sair da recessão. São os piores números divulgados até agora em agosto, que começou com notícias positivas, como o anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre havia caído menos que o previsto, seguido pelo índice de desemprego, que parou de subir, o recorde em seis anos no aumento da produtividade e a redução nos estoques dos atacadistas. A expectativa de economistas era de que as vendas no varejo crescessem 0,7% em julho. Os dois meses anteriores haviam mostrado elevações de 0,5% e 0,8%, respectivamente. Economistas afirmam que a redução se deve a um padrão novo de consumo dos americanos, que estão mais propensos a poupar desde a eclosão da crise. Essa nível de consumo, mais próximo do de europeus, pode prejudicar a retomada do crescimento da economia que, nos EUA, historicamente, depende do consumo, responsável por 70% do PIB. O elevado índice de desemprego e a população endividada também contribuem para o baixo consumo no varejo. "Apesar do leve declínio nas vendas no varejo, nós continuamos otimistas" de que as iniciativas econômicas "estabilizaram as condições e ajudaram os que foram atingidos pela crise", disse o secretário do Comércio, Gary Locke, citando programas como o "Dinheiro por Sucata", no qual o governo banca até US$ 3,5 mil para carros usados tirados de circulação, o que incentivou muitos americanos a adquirir um carro zero. As iniciativas foram insuficientes para alavancar o consumo, apesar de uma elevação de 2,4% no setor automobilístico. Não fosse pela venda de carros, a queda teria sido de 0,6%, segundo o Departamento do Comércio. A redução nas vendas se deu principalmente em móveis, aparelhos eletrônicos, música e livros. "O caminho para a recuperação é longo", afirmou Locke. O setor imobiliário, um dos principais responsáveis pela crise, não se recuperou. Em julho, foi registrado um recorde de hipotecas executadas desde o início da medição, em 2005, com os proprietários tendo que dar as suas casas para os bancos e credores por não conseguirem pagar as dívidas, de acordo com a RealTyTrac, responsável pelo levantamento. A alta inadimplência, que levou à perda das casas, subiu 7% em relação a junho e 32% quando comparado com julho de 2008. Agora, um em cada 355 proprietários de casa nos Estados Unidos foi incapaz de pagar as dívidas de seus imóveis. A crise no setor prossegue, apesar dos elevados investimentos do governo para normalizar a situação. Os Estados mais atingidos são os que observaram maior aumento de preços durante o boom imobiliário dos anos anteriores à crise. NÚMEROS 0,7% foi o aumento previsto pelos economistas para as vendas do comércio varejista americano em julho 0,5% foi o crescimento das vendas no varejo nos EUA em junho 0,8% foi o crescimento das vendas do comércio varejista em maio 70% é quanto representa o comércio varejista no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.