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Venezuela e Brasil voltam a negociar abertura comercial

Mas já houve acertos anteriores e o governo Hugo Chávez adiou o debate

Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) conseguiu extrair do governo venezuelano o compromisso de retomar as negociações em torno do cronograma de liberalização do comércio entre os dois países. Esse acerto é essencial para se concluir a adesão da Venezuela ao Mercosul. Durante encontro reservado com o chanceler Celso Amorim, na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, aceitou marcar uma reunião técnica para o dia 21 de setembro, em Brasília, para tratar do tema. A Venezuela tampouco concluiu negociações sobre o livre comércio com a Argentina. No plano formulado entre Mercosul e Venezuela, essas discussões deveriam estar concluídas até 2 de setembro, mas estão paradas há quatro meses pelo claro desinteresse venezuelano em negociar esse tema, sensível para o setor industrial do país. Várias reuniões foram canceladas por Caracas, sob diversos pretextos - atitude que pode se repetir a partir de 21 de setembro. Nos últimos meses, o governo Hugo Chávez vinha dizendo que não tocaria no tema sem antes obter a aprovação, pelo Congresso brasileiro, do Protocolo de Adesão Plena de seu país ao Mercosul, firmado em julho de 2006, em Córdoba (Argentina). Na reunião de anteontem, Amorim observou que o Congresso não aprovaria o acordo sem o compromisso da Venezuela de liberalização de seu comércio com o Brasil. Esse compromisso, argumentou o chanceler brasileiro a Maduro, será um argumento adicional para convencer os parlamentares a admitir o país no bloco. Desde junho, quando Chávez acusou o Congresso brasileiro de ser "papagaio" dos Estados Unidos, a sombra da animosidade paira sobre a tramitação do acordo, que ainda não saiu da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Curiosamente, ao deixar o Itamaraty, anteontem, o chanceler venezuelano omitiu da imprensa a sua decisão de aceitar a retomada das negociações. Ele reafirmou apenas que o ultimato de Chávez para que o Congresso brasileiro aprovasse o acordo até o início de setembro foi substituído por uma dose de paciência, mas seu presidente espera ver o assunto resolvido até a próxima reunião de cúpula do Mercosul, em dezembro, em Montevidéu.

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