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Venezuela nega atrito de Chávez com Mercosul

Segundo o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, viagem do líder venezuelano à Rússia às vésperas de reunião do bloco econômico é coincidência

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Por Redação
Atualização:

O assessor da Presidência da Venezuela para Assuntos Internacionais, Maximilien Arvelaiz, disse que o giro internacional do presidente Hugo Chávez para a Rússia, Belarus e Irã, às vésperas do início de uma reunião de cúpula do Mercosul, em Assunção, foi apenas uma "coincidência". Em entrevista à BBC Brasil, Arvelaiz refutou as especulações que associavam a ausência de Chávez a um possível mal estar com os demais membros do bloco, supostamente provocado pela indefinição dos Congressos do Brasil e Paraguai sobre a ratificação do país como membro. "Há meses nós havíamos nos comprometido com o presidente (Vladimir) Putin em visitar Moscou, e foi impossível conciliar as agendas", argumentou Arvelaiz. Chávez esteve na Rússia e Belarus em julho do ano passado, quando acertou a compra de fuzis e helicópteros russos. Em janeiro deste ano, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad esteve em Caracas. Arvelaiz negou que houvesse qualquer divergência entre os presidentes do Mercosul, especialmente entre os governos de Brasil e Venezuela. Recentemente, Chávez foi alvo de duras críticas por parte do Senado brasileiro por causa da recusa de seu governo em renovar a concessão do canal de TV privado RCTV. Chávez disse que o caso da RCTV "não vai dificultar em nada" a sua adesão ao Mercosul, mas ameaçou se retirar do bloco caso a ratificação da adesão venezuelana não seja aprovada. "Se estes grupos tentam impedir a entrada da Venezuela ao Mercosul, estariam atacando diretamente aos nossos povos, os principais beneficiários da integração", afirmou Maximilien Arvelaiz. Recado ao Mercosul Ainda que no discurso o governo venezuelano tente amenizar o significado da ausência de Chávez na reunião de Cúpula em Assunção, na avaliação do cientista político Alberto Garrido o presidente venezuelano envia um "recado" ao bloco. A principal mensagem é que o "velho Mercosul", não interessa ao projeto venezuelano de romper com a unilateralidade imposta por Estados Unidos nas relações internacionais. Por essa razão Chávez teria privilegiado à Rússia, Belarus e Irã em detrimento da reunião do Mercosul. "Chávez manda o recado, inclusive ao Congresso brasileiro, de que este Mercosul não serve a seu projeto de multipolaridade. Chávez está testando o bloco", avalia Garrido. Segundo o analista político venezuelano "o Brasil não quer ir aonde Chávez quer chegar, e o Congresso brasileiro quer frear o Mercosul de Chávez", disse. Chávez expressou seu descontentamento com o bloco na semana passada, ao afirmar não estar interessado em participar do Mercosul "se não houver mudanças". Para o presidente venezuelano, o Mercosul tem que deixar de ser um bloco meramente econômico para assumir também um caráter "político e social". A ausência de Chávez deve preocupar principalmente ao governo argentino - que mantém estreitas relações com a Venezuela nos setores de energia, agrícola e infra-estrutura - e também aos empresários brasileiros. A balança comercial brasileira com a Venezuela gira em torno de US$ 3 bilhões. Defesa militar O presidente venezuelano chega à Moscou sob rumores de que, entre os acordos que pretende firmar com o presidente russo Vladimir Putin, está a compra de submarinos e novos helicópteros russos. Desde 2006 Putin tem desafiado os EUA - que bloquearam toda cooperação em matéria de armamento à Venezuela - com a venda de armas e helicópteros para o sistema de defesa venezuelano. Após o encontro com o presidente venezuelano, Putin se reunirá com o presidente dos EUA, George W. Bush. Em Belarus, segunda escala da viagem, Chávez estaria disposto a comprar um sistema de defesa antiaérea, segundo informou a imprensa venezuelana. Com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadnejad, Chávez deverá avançar em acordos de cooperação nas áreas de energia.

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