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Vestuário deve ter reajuste menor este ano

Por Agencia Estado
Atualização:

Os preços do vestuário, que ganharam fôlego com a alta do câmbio e subiram continuamente ao longo do ano passado - com comportamento atípico em vários meses -, devem ter reajustes menores este ano. Nem as costumeiras liquidações de estação seguraram os aumentos e as variações registradas pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em 2001. "O vestuário teve altas inesperadas em março, junho, agosto e setembro", diz o coordenador do IPC-Fipe, Heron do Carmo. Em agosto, por exemplo, quando os preços deveriam cair com a liquidação de inverno, subiram 1,25% e, em setembro, mais 0 23%. A alta no acumulado do ano foi de 4,42%. A perspectiva para 2002, sem os reflexos do câmbio, é de um índice menor, provavelmente em torno de 3% ou um pouco menos, na perspectiva do coordenador da Fipe, para uma inflação próxima a 4%. Outros fatores devem contribuir para segurar aumentos. Tanto a indústria, como o comércio alegam que não há espaço para reajustes porque os preços das matérias-primas estão estabilizados. Outro motivo é que as vendas das coleções de outono-inverno no ano passado ficaram abaixo da expectativa porque o frio foi ameno. "É claro que uma parte do que sobrou foi para as liquidações, mas há ainda um estoque disponível para as vendas", diz o presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), Roberto Chadad. A média de vendas de outono-inverno nos últimos cinco anos têm sido de 150 milhões de peças. Mas na última temporada, de acordo com levantamento da Abravest, o número de peças vendidas caiu para 100 milhões. Oferta de matéria-prima também deve contribuir para queda Outro fato que deve conter altas é a oferta de matéria-prima e a ausência de reajustes neste segmento. "Tivemos uma boa produção de algodão, 150 mil toneladas, que não foi toda utilizada no ano passado. No segmento de sintéticos artificiais houve uma importação de quase US$ 400 milhões e também não tivemos aumentos", diz Chadad. Os lojistas de varejo que estão em plena liqüidação de verão têm comprado as coleções de outono-inverno e confirmam que a tendência não é de alta. A moda de meia-estação que deve começar a aparecer nas vitrines entre o fim deste mês e início de março deve vir com preços semelhantes aos do ano passado, guardadas as diferenças maiores de produtos de grife. "As altas devem ser muito pequenas, não superiores a 5% em relação a produtos da coleção de meia-estação do ano passado", diz o vice-presidente da Riachuelo, Newton Rocha Oliveira Junior. A rede, com 70 lojas, deve vender este ano mais peças leves e menos mercadorias pesadas, de inverno. "Resolvemos diversificar e ajustar melhor o estoque com mercadorias de maior saída", diz Newton Rocha. No ano passado, explica, o estoque já estava mais justo em relação ao ano anterior e as vendas fecharam 2001 com 7% de crescimento real. Apesar das dificuldades do cenário econômico no ano passado, os resultados de venda em dezembro, no comércio de roupas, ficaram dentro das expectativas. Mas assim mesmo as liquidações nos shoppings foram antecipadas em relação ao ano anterior. "A tendência de se antecipar as liquidações para logo depois do Natal vem ganhando adeptos nos últimos dois anos, porque as vendas caem após as festas e o lojista precisa de capital de giro para refazer estoques", diz o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Eduardo Rabinovich. "A pressão é dos lojistas: quando um começa a liquidar, os outros são obrigados a entrar no mesmo ritmo", diz o presidente da Associação dos Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun e organizador do Liquida São Paulo, que começou no dia 26 do mês passado e deve terminar no dia 10 de fevereiro. A megaliquidação conjunta do varejo deve aumentar as vendas entre 5% e 6% em relação ao mesmo período do ano passado e foi antecipada este ano em quase 20 dias devido ao Carnaval. "Não há saída: ou o lojista desova o que tem ou corre o risco de ficar com o produto encalhado, porque o consumidor está propenso a comprar até o Carnaval," diz o superintendente do shopping Aricanduva, Marcos Sérgio de Oliveira Novaes. Passado este período de férias e feriados, explica, o consumidor quer programar seu orçamento para despesas com IPTU, matrícula de escola e material escolar. "A retomada de compras no segmento de vestuário só vai ocorrer em abril com a entrada de novas coleções."

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