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Via Varejo prepara lançamento de R$ 1 bi em debêntures com compromisso sustentável

Estratégia de captação da varejista está relacionada ao cumprimento de métricas de impacto positivo ambiental, social e de governança; medida vem após Boticário captar R$ 1 bi em títulos similares

Foto do author Cynthia Decloedt
Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

Seguindo os passos de um vasto número de empresas que trilham um caminho de acesso aos investidores interessados em sustentabilidade, a Via Varejo pretende levar ao mercado em breve R$ 1 bilhão em debêntures vinculadas a esses compromissos. Diferente dos "greenbonds", em que os recursos são direcionados a projetos de responsabilidade ambiental, a estratégia da captação da Via Varejo está relacionada ao cumprimento de métricas de impacto positivo ambiental, social e de governança (ESG), também chamados de Sustentability Linked Bonds (SLB).

A Via Varejo é a segunda companhia brasileira a fazer captação com compromisso desse tipo, seguindo o Boticiário, que captou R$ 1 bilhão. A varejista terá de cumprir metas de uso de energia renovável em sua operação para não ser penalizada no juro que pagará aos investidores da debênture. O juro pode subir em 10 pontos-base, se a emissora não cumprir o combinado. O compromisso do Boticário com a sustentabilidade vai na mesma linha de aumento no consumo de energia renovável.

Via Varejo é a segunda companhia brasileira a fazer captação com compromisso ESG. Foto: Felipe Rau/Estadão

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Os SLB são novos em todo o mundo e a maioria das emissões feitas por empresas brasileiras aconteceu no exterior. Localmente, até agora, apenas as duas varejistas estão usando essa estratégia de acesso ao bolso desse público crescente e que não se limita mais a fundos ou gestoras especializadas no assunto. A maior parte das 'assets' tem comprado esses papéis e a visão de especialistas é de que esse é um caminho sem volta.

"Vai ser difícil ver no futuro alguma operação de captação no mercado que não tenha alinhamento ESG", diz o sócio do Tozzini Freire Advogados, Alexei Bonamin. Ele rebate críticas que têm circulado no mercado brasileiro contra os SLBs, que por não terem o dinheiro carimbado para projetos verdes, como nos greenbonds, podem não ser tão eficientes do ponto de vista de cumprimento de metas de responsabilidade ambiental, social e de governança.

"Apesar de não o recurso não estar carimbado, os SLBs têm várias outras métricas que são muito positivas. Não existe um instrumento melhor ou pior, estamos em um momento de transição e muitos produtos são inovadores, é um ecossistema que está sendo criado", observa.

Externamente, a Suzano foi a primeira empresa do setor de papel e celulose a emitir bônus nesse modelo no mundo, em setembro do ano passado. Em janeiro deste ano, das 14 emissões de títulos de dívida feitas por empresas e bancos brasileiros, quatro foram de SLB e três de greenbonds. Optaram pelos SLB a Movida, a Simpar, a Klabin e a FSBioenergia. O BTG Pactual, o Itaú Unibanco e a Amaggi, emitiram greenbonds.

Os SLB têm encontrado grande demanda entre investidores no mundo. De acordo com especialistas, um dos fatores é de que esses papéis têm um escopo mais amplo de compromissos sustentáveis. Além disso, acrescentam, por conta do gatilho no juro, os investidores conseguem identificar melhor o não cumprimento de metas do que quando os recursos são direcionados a projetos.

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