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Vice-presidente da Fiesp acha redução da Selic insuficiente

Por Agencia Estado
Atualização:

O vice-presidente da Fiesp, Roberto Jeha, criticou a decisão do Copom de reduzir os juros em dois pontos percentuais. "Faltou o compromisso do Banco Central com o crescimento do País, com a necessidade de criarmos mais empregos", afirmou o empresário em entrevista ao Jornal das Dez, da Globo News. "É evidente que a gente fica contente que caiu dois pontos de juros. Mas se eles estão projetando para daqui a 12 meses uma inflação de 5,5 ou 6%, ainda se tem juros reais de 14%. Roberto Jeha alertou que o mercado interno está deprimido, o que tem levado a uma queda de consumo até de gêneros de primeira necessidade: "O consumo de óleo de soja caiu, o consumo de biscoitos caiu, o consumo de sabonetes caiu, o consumo de leite em pó caiu. Alguma coisa está errada." Roberto Jeha também aproveitou para endurecer as críticas aos bancos, que no entender dele estariam praticando "agiotagem". "Eu acho que é um cinismo dos bancos anunciar que vão baixar 0,05 pp no cartão de crédito e no cheque especial. Eles cobram do coitado do consumidor brasileiro 10%, 12% ao mês", frisou Jeha. "Você olha o balanço dos bancos neste primeiro semestre e o lucro deles é cada vez maior: o índice de crédito no Brasil é de 25%, o que significa que os outros 75% são direcionados para o financiamento da dívida pública", enfatizou. "Isso não é um sistema financeiro, isso não passa de uma agiotagem. (...) O sistema financeiro brasileiro tem um compromisso com a Nação que ele não está cumprindo: ele tem de financiar a produção a juros compatíveis." Taxa de risco manipulada Finalmente, Roberto Jeha, demonstrou inconformismo com o atual nível da taxa de risco do País que dificulta a volta dos investimentos. Para ele, estaria havendo uma manipulação dos agentes financeiros internacionais para manter esse índice artificialmente alto. "Eu não entendo essa manipulação que esses agentes financeiros internacionais fazem em relação ao Brasil", salientou ao comparar a taxa de risco do Brasil com a Rússia, que passou por recente moratória, respectivamente de 650 e de 250 pontos acima da taxa paga pelo Tesouro americano. "Um país na situação do Brasil deveria estar com a taxa de risco lá embaixo e nós já teríamos condição de ter uma taxa real que possibilitasse a volta dos investimentos." Febraban culpa aumento de custos Ainda durante o Jornal das Dez, o economista-chefe da Febraban, Roberto Luis Troster, procurou justificar o alto nível do spread bancário no Brasil: "O discurso do governo é num sentido mas a prática é em outro. Apenas no mês de setembro foi aumentado o PIS-Cofins de 3 para 4%, que é uma medida que tende a aumentar o spread", ponderou Troster. "Apenas no mês de setembro foi imposta uma taxa de fiscalização pelo Detran para vender veículos retomados, o que aumenta o custo de intermediação financeira", prosseguiu o representante da Febraban. "Também no mês de setembro foi exigido que os bancos coloquem vigilantes em todas as salas de auto-atendimento, o que é um custo maior. E custo maior acaba, em maior ou menor medida, repassado ao preço. Quer dizer, o discurso tem que ser consistente com as ações e devem ser tomadas ações para baixar os empréstimos."

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