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Visita de O´Neill indica preocupação com estabilidade

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão da administração Bush de mandar o secretário do Tesouro, Paul O?Neill, ao Brasil e à Argentina, no final do mês, reflete um novo grau de preocupação de Washington com a turbulência econômica na região, no momento em que uma crise de confiança dos investidores põe em questão a recuperação da própria economia dos Estados Unidos. Exagera, no entanto, quem a interpreta como o primeiro passo rumo a uma nova visão estratégica sobre como lidar com crises financeiras internacionais ou mesmo como uma mudança significativa de rumo. ?Nada mudou?, disse um funcionário americano ao Estado. Altos funcionários de organismos internacionais disseram que começaram a perceber há cerca de duas semanas os primeiros sinais de uma nova disposição das autoridades econômicas americanas em relação à Argentina. As efusivas declarações de ?pleno apoio? ao Brasil feitas na semana passada por O?Neill, depois de receber o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e o anúncio da viagem a Brasília (provavelmente também a São Paulo) e a Buenos Aires, reforçaram essa impressão. Funcionários americanos admitiram nesta segunda-feira que a decisão sobre a viagem traduz, em parte, o desejo de reparar os danos que o secretário do Tesouro provocou com a declaração desastrada que fez no último dia 2 de julho, quando declarou sua oposição a qualquer novo apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil, que o País não pediu, ?porque o problema é político e não econômico?. O?Neill retificou à declaração horas mais tarde, depois que o estrago já tinha sido feito. Funcionários americanos ouvidos pelo Estado disseram que ?na medida em que havia uma percepção de que não estávamos prestando atenção ao Brasil e à Argentina, a visita do secretário do Tesouro esclarece a posição? dos EUA. Ela mostra, também, que o país "entende que o Brasil é diferente da Argentina, porque, no caso brasileiro, uma crise traria problemas reais de contágio?, disse um deles. Um outra fonte oficial indicou que a viagem resultou das reclamações que o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, fizeram a Washington sobre a desastrada declaração de O?Neill. O secretário do Tesouro, que é famoso por sua franqueza, viajará com instruções específicas da Casa Branca para medir suas palavras de modo a enfatizar uma atitude positiva e de apoio. Ele será particularmente cuidadoso ao responder sobre a possibilidade de a administração Bush apoiar um eventual acordo de transição entre o Brasil e o FMI, mencionado na semana passada por Armínio Fraga, como uma ?real possibilidade?. A negociação de tal acordo pressuporia o apoio dos dois candidatos do segundo turno das eleições presidenciais a uma mesma política econômica. ?Acho improvável O?Neill sugerir que tal acordo seja necessário, mas ele tampouco o descartará, como possibilidade?, afirmou a fonte. As autoridades brasileiras calculam que as manifestações de apoio de Washington e a disposição americana de deixar a porta aberta para um nova operação de socorro ao País ajudam a tranqüilizar os investidores e a criar uma situação mais estável durante a campanha presidencial, que dispense a necessidade de assistência externa adicional. Um funcionário do Tesouro desencorajou interpretações complexas sobre os motivos da visita do secretário e expectativas sobre o que ela poderá produzir. ?Ele queria ir ao Brasil e à Argentina há tempos, mas houve problemas de agenda?, disse ele. ?Quando visita um país, o secretário não conversa apenas com os líderes e com empresários, ele gosta de visitar fábricas e conversar com as pessoas comuns e pretende fazer isso no Brasil e na Argentina?.

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