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Visita de O´Neill pode sinalizar apoio a um novo acordo com o FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo avalia que a visita do secretário do Tesouro americano, Paul O´Neill, ao País dará o sinal da intenção dos Estados Unidos de fazer uma "pequena mudança" no rumo da sua política externa e, em especial, de revitalizar as relações bilaterais, corroídas desde o segundo semestre do ano passado. De forma imediata, a presença de O´Neill deverá selar o apoio dos Estados Unidos a um possível novo acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para a transição para o novo governo. Além de seus efeitos práticos, essa iniciativa deixará clara a preocupação americana com a escalada da turbulência econômica no Cone Sul. Fontes da diplomacia afirmaram que a mudança de rumo da política externa americana, mesmo em escala reduzida, segue o próprio contexto da economia desse país. Em um cenário no qual os seus indicadores fiscais e das contas externas estão com a luz amarela acesa, a recessão se agrava em vários mercados mundiais e os escândalos contábeis em grandes companhais americanas pipocam a cada semana, Washington teria se dado conta de que o aprofundamento da turbulência econômica na América do Sul somente pode lhe trazer ainda mais problemas. O risco de instabilidade na transição do governo FHC para seu sucessor, nessa leitura, poderia trazer impactos econômicos negativos mais profundos na região que a contaminação da crise argentina. Daí a importância da presença de O´Neill neste momento, quase em paralelo à visita da vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, ao País. "Não seria mais sustentável para os Estados Unidos manter-se indiferente em relação aos pedidos de ajuda dos países sul-americanos ao FMI", afirmou uma fonte do Itamaraty. "O governo americano está fazendo uma pequena correção de rumo. Não pode mais jogar aos leões a sustentabilidade econômica e política da América do Sul." O´Neill será a segunda autoridade de alto escalão a desembarcar no Brasil desde o início do ano. Em março, o representante americano para o Comércio, Robert Zoellick, veio ao País, mais interessado em diminuir as reações brasileiras contra as medidas de salvaguardas adotadas sobre as importações de aço. Ainda estiveram no País o subsecretário de Estado, Marc Grossman, em março, e o secretário-adjunto do Departamento de Estado americano para a América Latina, Otto Reich, na semana passada. Nesses casos, as visitas se estenderam ainda a outros sócios do Brasil no Mercosul. A lista de autoridades dão uma idéia da leve mudança de orientação dos Estados Unidos, que ainda não abandonaram a sua obsessiva prioridade de sua política externa no combate ao terrorismo internacional. Desde os ataques terroristas aos Estados Unidos, a orientação da política externa americana vem sendo alvo de claras críticas do governo brasileiro. O próprio presidente apontou várias vezes o desinteresse americano com a América Latina e com temas como a liberalização comercial, o combate à pobreza e o desenvolvimento sustentável. Brasil e Estados Unidos agregaram ainda às históricas divergências, como a questão de Cuba, outras rusgas, como a que envolveu as pressões americanas para a destituição do embaixador brasileiro José Maurício Bustani da direção-geral da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opaq).

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