PUBLICIDADE

''''Visita de Tarso não muda nada''''

Procuradora diz que caso é judiciário, não diplomático

Por Andrei Netto
Atualização:

Se o ministro da Justiça, Tarso Genro, espera obter alguma vantagem do Principado de Mônaco para a extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola,sua estratégia é equivocada, disse ontem a procuradora-geral do caso, Annie Brunet-Fuster. Ela afirmou que a visita da autoridade brasileira não faz diferença, pois o caso é judiciário, não político ou diplomático. "A visita de um ministro mostra a importância dada ao processo pelo governo brasileiro, mas não pode mudar em nada a aplicação da lei. O processo vai seguir as disposições legais. Logo, se o ministro vier ou não, para o processo, não muda nada." A procuradora se mostrou impaciente com a demora do pedido de extradição. Embora o governo brasileiro tenha 20 dias para demandar a transferência, prazo prorrogável por outros 20 dias, a Justiça de Mônaco se mostra disposta a encerrar o caso o mais rápido possível. A idéia é seguir a política de agilidade, transparência e rigor legal que desfaça a imagem de Mônaco, com freqüência confundida com paraísos fiscais. A visita de Tarso foi anunciada no meio de semana como sinal de interesse do governo brasileiro na punição do ex-banqueiro, condenado, em 2005, a 13 anos de prisão por crimes de gestão fraudulenta, peculato e corrupção passiva durante a crise cambial que resultou na desvalorização do real, em 1999. Brunet-Fuster aceitou receber o ministro às 15h30 de segunda-feira, a pedido do diretor do Serviço de Administração Judiciária - equivalente a ministro da Justiça -, Philippe Narmino, com quem o brasileiro também se encontrará. Se o efeito positivo dessa visita é nulo, o negativo também é menosprezado pela procuradora, embora possa existir. De acordo com o artigo 4º da Lei 1.222, as extradições são vetadas caso tenham fundo político e sem base em processo criminal. Na quinta-feira, o advogado monegasco do ex-banqueiro, Frank Michel, disse que não descarta nenhum argumento legal na defesa. "Cacciola se considera perseguido", disse. "Talvez o advogado alegue que esse é um caso político. Mas, se temos um dossiê de Justiça que diz que alguém foi condenado por determinado crime, o resto é bravata", respondeu a procuradora.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.