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‘Vivemos uma estagflação com a lentidão da vacinação’

Previsão da instituição financeira é de que, com um cenário de alta dos preços das commodities pressionando a inflação, a taxa básica de juros, a Selic, deverá encerrar o ano em 6%

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

O Brasil vive uma estagflação, definição de um contexto de estagnação econômica, ou até mesmo de recessão, com inflação elevada, avalia o presidente da corretora BGC Liquidez, Ermínio Lucci. A previsão da instituição financeira é de que, com um cenário de alta dos preços das commodities pressionando a inflação, a taxa básica de juros, a Selic, deverá encerrar o ano em 6% – nível ainda considerado baixo para o País e que, na prática, significa um juro real (depois de descontada a inflação) reduzido. Um dos responsáveis pela atual situação, aponta Lucci, é o ritmo lento da vacinação, quadro que impôs novas medidas de isolamento social com o intuito de desafogar os hospitais.

Ermínio Lucci, presidente da BGC Liquidez. Foto: Iara Morselli

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Como está a situação econômica do Brasil hoje?

Vejo uma economia de estagflação decorrente da lentidão da vacinação, o que efetivamente postergou a abertura da economia e demandou lockdown, o que voltou a afetar o PIB. Ainda se tem um carrego de inflação do ano passado com choque de demanda. Fora isso, os preços das commodities estão em uma espiral de alta, o que acaba impactando a inflação. Nossa projeção é de que a Selic vai encerrar o ano em 6%. 

De que forma a crise política está afetando o mercado?

A crise política acabou virando uma variável, impactando o preço dos ativos, que passaram a embutir um prêmio de risco, principalmente em câmbio e juros. 

E como está a visão do investidor estrangeiro em relação ao Brasil?

Dada a turbulência política, a volatilidade claramente afeta a propensão de investimento no Brasil tanto no curto quanto no médio prazo. O investidor estrangeiro começa a pedir um prêmio maior para investir no Brasil. Olhando o câmbio, o real já se desvalorizou, só neste começo de ano, cerca de 10%. Parte disso vem do risco político somado a nossa posição de fragilidade fiscal depois do início da pandemia. 

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As reformas podem sair?

Eu acho que a reforma administrativa (talvez). A tributária é muito mais difícil. Depois que começarmos a ter um nível de vacinação de sucesso, como estamos vendo nos Estados Unidos e na Inglaterra, e com o Congresso voltando a entender que a gente precisa de reformas para ter crescimento e diminuir o risco Brasil, assumindo que essa volatilidade política diminua, esse assunto deve voltar ao radar. Se esse assuntonão passar esse ano, ou não for muito bem endereçado, não terá mais chance de ser aprovado no ano que vem. 

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