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Volatilidade internacional elevou incerteza sobre inflação, diz Copom

Na ata da reunião, o BC afirma que cabe à política monetária "manter-se especialmente vigilante" para evitar que essa incerteza se propague no longo prazo

Por Agencia Estado
Atualização:

A ata da última reunião do Copom, que cortou em 0,50 ponto porcentual a taxa básica de juros (Selic, atualmente em 15,25% ao ano) afirma que o cenário de aumento na volatilidade (oscilação) dos mercados internacionais elevou a incerteza em torno da inflação. "Mesmo levando-se em conta que o aumento recente na volatilidade dos mercados financeiros internacionais poderá ter um caráter transitório, é forçoso reconhecer que ele gerou uma elevação na incerteza em relação ao comportamento futuro da inflação, que poderá acabar dificultando tanto a avaliação de cenários pela autoridade monetária quanto a coordenação de expectativas dos agentes privados", diz a ata. No documento, o BC afirma que cabe à política monetária, nesse contexto, "manter-se especialmente vigilante" para evitar que essa incerteza se propague no longo prazo. Além disso, o BC afirma que estará pronto para agir caso esses risco em torno da inflação aumentem de maneira mais intensa. Em relação ao cenário externo, a ata informa ainda que outra preocupação da diretoria do BC em relação ao ambiente internacional são os preços do petróleo, que continuam elevados e "excessivamente voláteis". A ata ressalta que o cenário de reajuste zero para a gasolina ficou "menos plausível", embora tenha sido mantido. De qualquer forma, o texto lembra que a elevação dos preços do petróleo não afeta apenas a gasolina, mas se transmite à economia do País também "por meio de cadeias produtivas como a petroquímica e também pela deterioração que termina produzindo nas expectativas de inflação dos agentes econômicos". Semelhanças Tirando a avaliação do cenário externo, a ata que está divulgada é muito semelhante à anterior e, inclusive, fazendo referência novamente ao termo "parcimônia" que constava do documento anterior. A exemplo do documento anterior, o BC observa que essa ponderação se torna ainda mais relevante quando se leva em conta que as próximas decisões da política monetária terão impactos progressivamente mais concentrados em 2007. Expectativas Os investidores esperavam com atenção a divulgação da ata do Copom. A principal atenção era, de fato, com as incertezas do mercado externo. A decisão do Copom toma por base o comportamento da inflação. Se os preços estão em alta, o Comitê eleva o juros para conter o consumo e, com isso, reduzir a pressão de alta sobre os preços. O cenário externo poderia ter influenciado a decisão do Comitê, já que o cenário de incerteza tem deixado o dólar valorizado em relação ao real. Isso encarece a importação de produtos e matérias-primas, pressionando a inflação. Contudo, os mais recentes índices de preços continuam mostrando um comportamento extremamente positivo para a inflação. Ainda hoje será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - usado como referência para a meta de inflação. Nos últimos 12 meses, até abril, a taxa está acumulada em 4,63%. A meta de inflação para este ano é de 4,5%. A ata, inclusive, destaca que o cenário para a trajetória da inflação continua benigno. O otimismo em relação ao comportamento dos preços, de acordo com o texto da ata, foi mantido mesmo levando em conta uma possível reversão de fatores pontuais responsável pela manutenção da inflação em níveis favoráveis nos últimos meses. Decisão O último corte da Selic decidido pelo Copom foi o oitavo seguido desde setembro do ano passado, quando a taxa foi reduzida de 19,75% para 19,50%. Contudo, marcou a redução do ritmo de afrouxamento monetário, depois de dois meses consecutivos com cortes de 0,75 ponto porcentual. Com o corte de 0,50 ponto para 15,25%, os juros voltam ao mesmo patamar de fevereiro de 2001. Este também é o menor nível de juros já fixado pelo Copom desde 1999, quando passou a operar com a mesma sistemática de hoje. A decisão, que foi tomada de forma unânime pelos membros do Comitê, não inclui viés, o que significa que a taxa permanecerá neste patamar até a próxima reunião do Comitê, que será realizada nos dias 18 e 19 de julho. O comunicado divulgado após o fim da reunião foi idêntico ao da última reunião, realizada em 19 de abril. O texto diz o seguinte: "Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária iniciada na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 15,25% ao ano, sem viés, e acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então decidir os próximos passos em sua estratégia de política monetária".

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