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Volatilidade ressalta risco da dívida de longo prazo do Brasil

Segundo o diário financeiro, os investidores estrangeiros compraram grandes volumes desses papéis desde o ano passado

Por Agencia Estado
Atualização:

O jornal Financial Times afirmou nesta terça-feira que o recente movimento de venda dos títulos de longo prazo da dívida pública Brasil "ressalta a natureza arriscada" desses ativos. Segundo o diário financeiro, os investidores estrangeiros compraram grandes volumes desses papéis desde o ano passado. Entre os bônus mais atraentes, estavam os NTN-Bs, com retornos ancorados na inflação. Nos leilões do Tesouro em março eles foram vendidos garantindo a inflação mais 7,5%. Os estrangeiros compraram entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões desses papéis ou similares. "Como ficou claro durante o movimento de venda da semana passada, eles são bônus particularmente arriscados", disse o FT. "Uma das razões é que eles são denominados em reais, e portanto carregam um óbvio risco cambial. Esse é um risco que a maioria dos investidores se protege com operações de hedge (que reduzem o risco). Mas poucos se deram ao trabalho de fazer hedge no risco da taxa de juros associado." Segundo o FT, os NTN-Bs apresentam outro problema para os investidores. "Muitos foram comprados antes de o Brasil levantar restrições para investimento estrangeiro em sua dívida doméstica em fevereiro deste ano", afirma. "Isso significa que eles foram comprados usando swaps reversos (operação entre dois investidores. Um deles assume o compromisso de pagar ao outro a variação do dólar de determinado período) e outras estruturas complicadas que são difíceis e caras de serem desfeitas." Movimento de venda O jornal observa que desde que os ativos brasileiros foram alvo de um pequeno movimento de venda em março diante dos temores de uma alta dos juros nos Estados Unidos, muitos investidores estão tendo dificuldades para se livrar dos NTN-Bs. Desde então, disse um gerente de um fundo hedge entrevistado pelo FT, "a base de investidores tem ficado muito longa, presa numa armadilha, infeliz e muito ansiosa para sair". Quando o movimento de forte venda começou na semana passada, disse o gerente, os investidores saíram rapidamente temendo que outros tentariam fazer o mesmo a qualquer preço. "Repentinamente houve uma corrida maluca rumo ao mercado swap para se apostar contra as taxas de juros", afirmou. As taxas de juros subiram rapidamente, deixando os investidores em NTN-Bs com um duplo problema com o câmbio e juros. Na terça-feira passada, os papéis com vencimento em 2045 eram negociados a mais de 9,4% sobre a inflação, retirando até 40% do valor de face de alguns investimentos. "Nos últimos dias o ambiente atingiu um nível de pânico", disse o diretor do fundo hedge entrevistado pelo FT. "Houve rumores de gente capitulando e jogando papel fora." O jornal observa, no entanto, que os boatos de que alguns fundos tinham quebrado eram falsos. "A maioria dos investidores tinha perdido muito do lucro obtido desde o início do ano mas não o suficiente para destruir seus ativos", disse o jornal. "Mas os eventos da semana passada são um alerta. Apesar da venda, muitos investidores ainda estão longos nos ativos domésticos brasileiros, e ainda expostos caso a volatilidade retorne."

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