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Volks quer definição sobre sistema de lay-off

Montadoras aguardam fim das eleições para retomar discussão sobre proteção ao emprego

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Volkswagen Foto: Fabian Bimmer/Reuters

Assim que o novo governo for eleito, seja Dilma Rousseff ou Aécio Neves, a indústria automobilística e as centrais sindicais vão pedir a retomada das discussões sobre o programa de proteção ao emprego com base em modelo adotado na Alemanha.A discussão sobre o novo sistema, que substituiria o atual lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) ocorre desde abril, mas foi suspensa em razão das eleições.

O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, é um dos que têm pressa no andamento do projeto. O grupo tem em lay-off 1,2 mil trabalhadores entre os 22 mil que emprega nas três fábricas no País. Desse grupo, 790 são da fábrica do ABC paulista, e o prazo do lay-off vence em novembro.

Schmall não vê melhoras no mercado de veículos e já estuda medidas diferenciadas para evitar demissões até que a queda nas vendas se reverta, o que ele projeta apenas para 2016.

"Independente de quem for eleito, é um tema que precisa ser definido", disse Schmall. Ontem, ele participou em São Paulo de seminário sobre perspectivas do setor automotivo, realizado pela agência Autodata.

O executivo prevê para este ano queda de 8% a 10% nas vendas totais do mercado brasileiro - acima portanto da redução de 5% esperada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Para 2015, Schmall espera uma estagnação nas vendas.

Outra proposta a ser retomada com o novo governo é a da renovação da frota. As montadoras operam com 25% de ociosidade e o projeto ajudaria a ativar o mercado. Também colaboraria na redução de acidentes e do nível de poluição ao tirar carros velhos das ruas, disse Schmall.

Na opinião do executivo, uma das medidas mais urgentes é a ampliação do prazo do lay-off. No Brasil, o prazo máximo é de cinco meses, período em que parte dos salários é bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Na Alemanha, o prazo chega a dois anos.

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A Mercedes-Benz tem 1,2 mil empregados do ABC em programa de lay-off que venceria em novembro, mas foi estendido para abril. A empresa vai bancar todo o salário, mas já avisou que não tem condições de manter essa situação por muito tempo.

Recursos. A proposta do programa de proteção ao emprego tem apoio da Anfavea, das centrais sindicais e do Sindipeças. Só as montadoras já cortaram 9,3 mil postos neste ano.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, disse que o assunto está adiantado. "Já há uma proposta do governo de ampliar o prazo para 12 meses, mas vamos insistir em 24 meses".

Um tema pendente é de onde virão os recursos para bancar a parte dos salários que caberá ao governo. As centrais defendem que seja dos 10% de multa adicional paga ao FGTS pelas empresas que demitem. O governo ainda não tem posição sobre isso. Hoje, a parte que vem do FAT (R$ 1,3 mil por trabalhador) é destinada à cursos de requalificação obrigatórios.

Segundo o conselheiro do Sindipeças, Adilson Sigarini, pela proposta baseada no modelo alemão, em períodos de crise todos os trabalhadores de uma empresa têm a jornada e os salários reduzidos. As empresas bancam parte dos salários, o governo outra parte e uma pequena parcela fica para o trabalhador.

"A Alemanha tem este sistema há mais de 50 anos e na crise de 2008, por exemplo, não houve demissões". Para Sigarini, "é melhor para o FAT bancar parte do pessoal trabalhando do que 100% do valor a ser pago aos demitidos", disse, referindo-se ao salário desemprego.

Férias. Em razão da queda nas vendas, o grupo Randon, fabricante de autopeças e de implementos rodoviários e ferroviários, informou ontem que dará férias coletivas de 21 dias à maioria dos seus 10 mil funcionários das sete unidades do grupo em dezembro e janeiro, divididos em duas etapas. Uma parte entra em férias dia 15 e outra dia 22.

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