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Volume total do crédito bancário sobe em agosto; juros do cartão caem

De julho para agosto, juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu de 312,0% para 310,2% ao ano; volume total do crédito oferecido pelos bancos cresceu 1,9%, para R$ 3,736 trilhões

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Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - O volume total do crédito oferecido pelos bancos cresceu 1,9% em agosto, para R$ 3,736 trilhões. Os números foram divulgados nesta segunda-feira, 28, pelo Banco Central.

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Em agosto, de acordo com o BC, houve uma alta de 2,4% no volume do crédito bancário oferecido a empresas, para R$1,646 trilhão. No caso de pessoas físicas, o crescimento da oferta foi de 1,5%, para o total de R$2,090 trilhões.

Os dados apresentados nesta segunda pelo BC são influenciados pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas – em especial, nos meses de março e abril. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

Em agosto ante julho, houve alta de 1,5% no estoque para pessoas físicas e alta de 2,4% para pessoas jurídicas.

Banco Central Foto: André Dusek/Estadão

De acordo com o BC, o estoque de crédito livre também avançou 1,9% em agosto, da mesma forma que o crédito direcionado (rural e BNDES) apresentou alta de 1,9%.

No crédito livre, houve alta de 1,6% no saldo para pessoas físicas no mês passado. Para as empresas, o estoque avançou 2,2% no período.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de 51,0% para 51,9% na passagem de julho para agosto.

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As projeções do BC, atualizadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) da semana passada, indicam expansão de 11,5% para o crédito total em 2020. A projeção para o crédito livre em 2020 é de alta de 12,5%. Já expectativa para o crédito direcionado é de elevação de 10,1%.

Juros

Em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, a taxa média de juros no crédito livre caiu de 27,3% ao ano em julho para 26,7% ao ano em agosto, informou o Banco Central. Em agosto de 2019, essa taxa estava em 37,2% ao ano.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 39,9% para 39,0% ao ano de julho para agosto, enquanto para as pessoas jurídicas ficou estável em 12,4% ao ano.

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Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 111,7% ao ano para 112,6% ao ano de julho para agosto. No crédito pessoal, a taxa passou de 32,6% para 30,0% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Desde 6 de janeiro de 2020, o BC aplica uma limitação dos juros do cheque especial em 8% ao ano (151,82% ao ano).

Além da limitação do juro, os dados de hoje refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

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Os dados divulgados hoje pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros permaneceram em 18,9% ao ano em agosto.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 19,2% ao ano em julho para 18,7% ao ano em agosto. Em agosto de 2019, estava em 24,8%.

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Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,4 ponto porcentual em agosto ante julho, aos 17,9% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Cartão de crédito

Com as famílias em dificuldades para fechar as contas durante a pandemia do novo coronavírus, em meio à retração da atividade e ao desemprego, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu 1,8 ponto porcentual de julho para agosto. A taxa passou de 312,0% para 310,2% ao ano.

Com a carência de recursos por causa da crise do coronavírus, as famílias aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos. O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades.

O juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. Dentro desta rubrica, a taxa da modalidade rotativo regular passou de 279,2% para 270,3% ao ano de julho para agosto. Neste caso, são consideradas as operações com cartão rotativo em que houve o pagamento mínimo da fatura.

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Já a taxa de juros da modalidade rotativo não regular passou de 331,7% para 335,2% ao ano. O rotativo não regular inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatura não foi realizado.

No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 129,9% para 137,8% ao ano.

Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 68,8% para 65,2%.

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

Atualmente, porém, o risco de inadimplência aumentou, justamente porque muitas famílias estão enfrentando redução de renda, na esteira da pandemia. 

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