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Votorantim vira minoritária da ArcelorMittal

Empresas vão unir suas operações em aços longos no País; grupo brasileiro terá fatia de 15% da gigante no Brasil

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

Após meses de negociações, a gigante ArcelorMittal Brasil e a Votorantim anunciaram nesta quinta-feira, 23, a combinação de seus negócios de aços longos no País. Por esse acordo, a divisão de siderurgia do grupo da família Ermírio de Moraes torna-se acionista minoritária da multinacional de aço no Brasil, com 15% do negócio de aços longos. Se considerados todos os negócios da ArcelorMittal no mercado brasileiro, a fatia dos Ermírio de Moraes cai para 3%, apurou o Estado com fontes a par do assunto.

Negócio ainda depende de aprovação do Cade Foto: Andrew Testa/NYT

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A combinação dos negócios dará maior musculatura à ArcelorMittal, que é líder global em aço, mas está em segunda colocação no ranking brasileiro – atrás da Gerdau – no segmento de aços longos, afirmaram fontes. A divisão de siderurgia da Votorantim é a terceira do ranking.

Com essa transação, a ArcelorMittal passa a ter uma capacidade de produção de 5,6 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,4 milhões de toneladas de laminados. O acordo inclui as plantas da ArcelorMittal Brasil em Monlevade, Cariacica, Juiz de Fora, Piracicaba e Itaúna; e as plantas da Votorantim Siderurgia em Barra Mansa, Resende e a participação acionária na Sitrel, em Três Lagoas.

Em comunicado ao mercado, os grupos informaram que o acordo deverá gerar sinergias de custos, logísticas e operacionais, uma vez que as unidades de produção das empresas combinadas são complementares. O negócio ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Para analistas do banco Credit Suisse, a consolidação do setor brasileiro de aço longo ajudará a melhorar as margens das empresas.

Ativos externos. As operações da divisão de siderurgia a Votorantim de aços longos na Argentina (Acerbrag) e na Colômbia (PazdelRío) não foram incluídas nesta transação e permanecerão sob o guarda-chuva da divisão Votorantim Siderurgia.

O Estado apurou que a Votorantim também deverá vender esses negócios. A ArcelorMittal não está, por ora, interessada nesses ativos. “No passado, as unidades da Colômbia e da Argentina foram disputadas palmo a palmo pelos dois grupos, e a Votorantim acabou levando a melhor”, disse outra pessoa familiarizada com o tema.

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Em reportagem publicada ontem, o jornal Financial Times informou que, em meio à queda generalizada de preços globais do minério de ferro em 2015, a Arcelor criou um plano para aumentar seus lucros em US$ 3 bilhões, parcialmente por meio de cortes de custos. Neste mês, a gigante baseada em Luxemburgo informou seu primeiro lucro anual em cinco exercícios.

Nos últimos anos, o grupo Votorantim começou um movimento de venda de ativos considerados não estratégicos para focar em seus principais negócios. O conglomerado atua em diversos negócios – de cimentos, celulose, metais e energia – e registrou faturamento líquido de R$ 31,5 bilhões em 2015. O lucro no período ficou em R$ 382 milhões.

A gigante ArcelorMittal foi assessorada pelo escritório Machado Meyer e o grupo Votorantim, pelo Pinheiro Neto Advogados. /COM REUTERS