30 de julho de 2010 | 00h00
De olho no mercado bilionário de remessas internacionais de valores por pessoas físicas, que mais do que duplicou no Brasil nos últimos oito anos, a americana Western Union Company foi autorizada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) a criar um banco e uma corretora de câmbio no País.
O grupo americano tem planos também de se lançar com força no mercado de remessas domésticas de dinheiro. A companhia, que já atuava no Brasil por meio de uma parceria com o Banco do Brasil (BB), planeja abrir 3 mil pontos no território nacional nos próximos quatro a cinco anos para aproveitar um mercado em plena expansão. De acordo com dados do Banco Central, as chamadas remessas unilaterais somaram US$ 2,86 bilhões, considerando os valores recebidos e enviados para outros países, enquanto o volume em 2009 chegou a US$ 6,13 bilhões.
Vantagem. Os brasileiros que moram no exterior geralmente precisam localizar agências de bancos que atuam no Brasil para enviar ou receber recursos de familiares no País. Como tem agências no mundo todo, a Western Union leva vantagem nesse quesito, facilitando as transações.
Além disso, a companhia aposta no crescimento da renda dos brasileiros para ganhar espaço nas remessas domésticas, entre cidades e Estados diferentes. Segundo o chefe do Departamento de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Luiz Edson Feltrim, a empresa vai abrir lojas e também correspondentes bancários para ter uma forte atuação no varejo. "Eles querem atuar com alta capilaridade em todo o País. Ficar na rua", afirmou. A proposta ainda precisa da aprovação do presidente da República.
A mesma percepção de negócio levou o BB a pedir autorização ao Fed, o banco central americano, para operar com residentes nos EUA. Em abril, o pedido foi aprovado, permitindo à instituição abrir agências no território americano - com potencial de 1,5 milhão de brasileiros.
Ao contrário do Western Union, porém, o BB planeja adquirir uma instituição americana para aproveitar uma estrutura já existente. No foco estão os estados mais habitados por brasileiros, como Nova York, Nova Jersey, Flórida e Massachusetts.
Estratégia
LUIZ EDSON FELTRIM
CHEFE DO SETOR DE ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO DO BC
"Eles querem atuar com alta capilaridade em todo o País."
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