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Zona do euro busca acordo sobre Grécia sem perdas em dívida

Por JAN STRU
Atualização:

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e ministros das Finanças da zona do euro deram início nesta segunda-feira à terceira tentativa em três semanas para liberar ajuda emergencial para a Grécia, com autoridades afirmando que perdas na dívida grega estão fora de questão por enquanto. O ministro das Finanças grego, Yannis Stournaras, demonstrou confiança de que os ministros irão finalmente alcançar um acordo depois que a Grécia cumpriu sua parte do acordo adotando duras medidas de austeridade e reformas econômicas. "Tenho certeza de que vamos encontrar uma solução mutualmente benéfica hoje", disse ele ao chegar para o que deve ser outra maratona de reuniões. A Grécia, onde a crise da dívida da zona do euro surgiu no final de 2009, é o país mais endividado da região de moeda única, apesar de um grande corte neste ano sobre os bônus detidos por privados. A economia do país encolheu cerca de 25 por cento em cinco anos. O Comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da União Europeia (UE), Olli Rehn, afirmou que é vital desembolsar a próxima parcela de ajuda de 31 bilhões de euros "para acabar com a incerteza que ainda pesa sobre a Grécia". A Grécia cumpriu as condições dos credores internacionais e "agora é o momento de o Eurogroup e o FMI agirem", disse Rehn. As negociações sobre a dívida grega, estimada em quase 190 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, travaram na discussão sobre se ela pode ser reduzida para um nível mais sustentável de 120 por cento em 8 a 10 anos. Sem acordo sobre como reduzir a dívida, o FMI segurou os pagamentos a Atenas porque não tem garantia de que a necessidade de financiamento emergencial acabará algum dia. A questão é: a dívida grega pode se tornar sustentável sem a zona do euro aceitar perdas em alguns dos empréstimos a Atenas? A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou ao chegar que a solução tem que ser "crível para a Grécia". O FMI argumenta que a dívida só pode se tornar sustentável se os governos da zona do euro aceitarem perdas em alguns de seus empréstimos a Atenas, mas a Alemanha e seus aliados do norte europeu rejeitaram até agora tal ideia. Duas autoridades do Banco Central Europeu (BCE), o vice-presidente Vitor Constâncio e o membro do conselho executivo Joerg Asmussen, afirmaram que o perdão da dívida não está na agenda por enquanto. "Isso foi claramente falado. Não é uma opção. Todo o resto é rumor", disse Constâncio a repórteres em Berlim. Até agora, as opções para redução de dívida sendo avaliadas incluem redução da taxa de juros sobre empréstimos bilaterais já prolongados à Grécia, ante o atual 1,5 ponto percentual acima dos custos de financiamento. França e Itália gostariam de reduzir a taxa para 0,30 ponto percentual, enquanto a Alemanha e alguns outros países insistem em uma margem de 0,90 ponto. Outra opção, que reduziria a dívida grega em quase 17 por cento do PIB, é adiar em 10 anos os pagamentos de juros ao EFSF, fundo temporário de resgate. O BCE poderia abrir mão de lucros sobre seu portfólio de títulos gregos, comprados sob um forte desconto, reduzindo a dívida em mais 4,6 por cento até 2020, mostrou um documento preparado para as negociações dos ministros na semana passada.

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