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Como reforçar a resposta das empresas ao novo coronavírus

Especialistas elaboram planos de até 100 dias para fortalecer combate à crise e recuperação de companhias em meio às incertezas do mercado

Por Luisa Laval
Atualização:

Após duas semanas de isolamento social no Estado de São Paulo e em outras cidades, empresas contam com a maioria da equipe em trabalho remoto, seguem planos de contingência e fortalecem mecanismos digitais no processo produtivo. Porém, tomadas essas medidas rápidas, como lidar com a incerteza quanto à duração do período de confinamento e desaquecimento da economia?

Pessoas usam máscaras para se prevenir do coronavírus no metrô de Pequim Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

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Consultores de riscos avaliam que, nesta etapa de enfrentamento da crise, é necessário desenhar diversos tipos de cenários e as soluções que serão implementadas em cada caso. “O grande fator de incerteza de tudo isso é o tempo: ninguém tem resposta para isso. Se você se prepara para um mês, é uma situação, se você se prepara para dois, é outra. Nesta condição, você precisa criar cenários para possíveis prolongamentos e apontar os riscos em cada um dessas situações”, diz o sócio para a crise da Covid-19 da Deloitte Brasil, Ronaldo Fragoso.

Outro ponto destacado é o reforço da integração e comunicação entre todas as áreas técnicas e executivas das empresas, a fim de acelerar as decisões, como afirma o sócio da PwC Brasil, Federico Servideo: “Uma comunicação pouco assertiva entre as diferentes partes envolvidas, com visões muito restritas, que olham apenas algumas dimensões dos problemas, traz dificuldades. A governança vai ter de cobrar e apoiar os gestores para que tenham uma leitura holística do ambiente em que eles desenvolvem os seus negócios. Também será preciso avaliar a efetiva capacidade de se comunicar com todos”. 

Governança da crise

Como forma de gerenciamento de riscos durante a crise desencadeada pelo novo coronavírus, consultorias reforçam a cautela ao solucionar problemas isolados ou no processo de tomada de decisão. Entre os temas mais importantes destacados por especialistas, está a preocupação pela saúde e produtividade de funcionários.

“Acredito que todas as organizações estão com um nível de consciência social muito alto. É preciso estar atento aos aspectos de manutenção da produtividade, da conectividade e cuidado da saúde física e mental, pois são muito importantes”, diz Servideo.

Federico Servideo, sócio da PwC Brasil. Foto: Divulgação/PwC Brasil

Fragoso diz que é preciso medir o momento certo de resoluções que possam até garantir inicialmente a manutenção de caixa das empresas, mas que venham a prejudicá-las à frente por falta de planejamento. “É preciso também tomar cuidado com a antecipação de decisões, que trazem seus riscos. Se você antecipar demais, como um desligamento em massa, e a situação volta ao normal antes do esperado, como você recompõe essa força de trabalho e prossegue com a recuperação?”, diz.

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Todas as atitudes tomadas neste período refletirão no processo de recuperação. Para isso, os consultores recomendam forte manutenção das práticas de governança, porém de maneira mais rápida e integrada. 

“O tempo que você demorar para responder é que pode criar situações com efeitos que serão sentidos lá na frente. A governança da crise estabeleceu uma necessidade de comunicação muito maior e mais rápida entre o conselho, a diretoria executiva e áreas técnicas, para que esse processo de decisão atenda uma série de situações emergenciais, o que, no modelo tradicional, você não tinha. Essa proximidade e essa integração entre os vários responsáveis pela governança teve de se adaptar rapidamente”, diz o sócio da Deloitte.

“Isso está requerindo adaptar-se, expandir, testar e ampliar os planos formatados para a crise. No ponto em que estamos, as empresas já estabeleceram um comitê de crise, um comitê de governança, se adaptaram ao trabalho remoto, mas a governança terá que evoluir para esse novo mundo. Ela continua tendo um papel importante de alertar e de guiar os gestores para navegar e descobrir esta nova forma de trabalhar”, aconselha o sócio da PwC.

Olhar para o futuro

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Apesar das incertezas quanto à duração e aos impactos da crise, ambos os especialistas afirmam que haverá mudanças positivas na gestão de governança e na organização geral de empresas. 

“Isso é um consenso: toda crise tem começo, meio e fim. Obviamente, não estamos no final, não sabemos em que parte do meio estamos, mas já temos muitas organizações pensando no day after, no que vem em seguida.O primeiro é pensar que o mundo pós-covid vai ser diferente. Vai existir um novo ‘normal’. A dependência das cadeias produtivas de determinadas regiões, como a China, por exemplo, provavelmente será reduzida. Pode ser que o Brasil seja favorecido, porque algum investidor pode diversificar os investimentos”, diz Servideo.

Ronaldo Fragoso, sócio da área de Risco Regulatório e Private Companies da Deloitte Brasil. Foto: Divulgação/Deloitte Brasil

Fragoso aconselha a criação de planos de retomada de atividades para amenizar impactos na produtividade das companhias. “Mesmo com a maior preocupação em enfrentar e sobreviver à crise, é preciso se preocupar com a recuperação após tudo isso. Quando você interrompe produção e serviços, não é simplesmente a quarentena acabar e tudo será retomado no dia seguinte. Já deve haver alguma preocupação com a recuperação. E o que chamamos de ‘uma volta ao normal’ não é tão normal assim, pois teremos de conviver com uma série de mudanças”.

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“Como essa crise trará mudanças muito significativas, no comportamento das pessoas, na forma de relacionar-se entre si, com o poder público e com os concorrentes, acho que é um bom momento agora para pensar em próximos passos”,conclui o consultor da PwC.

Ferramentas de governança

Para auxiliar gestores no enfrentamento da crise, consultorias criaram ferramentas gratuitas para auxiliar nos processos decisórios.

A PwC disponibilizou uma plataforma de análise de riscos personalizada, a "Covid-19 Navigator". Após a coleta de respostas sobre as principais áreas estratégicas da companhia, o site avalia a situação da empresa em cada área de resposta, e oferece a possibilidade de retorno individualizado de consultores.

A Deloitte elaborou um plano de 100 dias com recomendações para a recuperação e sustentação das empresas na nova dinâmica do mercado. O material possui contatos de especialistas e orientações gerais a empresas durante a pandemia.

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