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'Crise da Amazônia provocou exigência de temas ESG por empresas', diz presidente do IBGC

Para Henrique Luz, investidores estão a cada dia mais exigentes em relação a práticas sociais, ambientais e de governança

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

A governança corporativa virou uma realidade para as companhias brasileiras e dificilmente haverá retrocesso em relação aos avanços alcançados nos últimos anos. O presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Henrique Luz, com carreira de mais de 40 anos na consultoria PwC, diz ainda que a crise na Amazônia provou que investidores estão a cada dia mais exigentes em relação a práticas "ESG" - sociais, ambientais e de governança, letras advindas das palavras em inglês.

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"Acredito que esse é um movimento irreversível, não só no Brasil mas em todo o mundo", disse, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Luz lembra que a base de acionistas das companhias é, a cada dia, maior, o que acaba elevando a pressão para que boas práticas de governança continuem sendo adotadas. Neste ano o IBGC, por exemplo, registrou recorde de público em seu congresso anual, com mais de 800 participantes.

O presidente da entidade nota, ainda, que no passado o ativismo do investidor era mais focado na obtenção de direitos políticos dentro das companhias, como maior presença nos conselhos de administração, mas que hoje em dia os holofotes estão mais voltados para as causas ESG. "Atualmente uma empresa que adota boas práticas de governança certamente tem que ter o olhar social, de governança e ambiental", comenta.

A queimada na Amazônia, frisa, trouxe o tema para a mesa e para os holofotes do mercado e, segundo ele, o Brasil não pode caminhar contra um movimento que é global. "Até porque, ir na contramão, seria dizer não a capitais importantes, os quais o Brasil depende", disse, destacando que há países, em especial os europeus, que não investem em locais onde há práticas questionáveis em relação aos quesitos ESG.

Na semana passada, por exemplo, o maior banco dos países nórdicos, o Nordea suspendeu as compras de bônus do governo do Brasil, devido a preocupações sobre a resposta aos incêndios na região da Amazônia. Sediado na Finlândia, o Nordea informou que entraria em uma "quarentena temporária" e que não compraria bônus brasileiros até nova avaliação posterior sobre o tema.

Fogo na floresta amazônica em Machadinho do Oeste, Rondônia, no dia 2 de setembro de 2019 Foto: Ricardo Moraes/ Reuters
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