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Escândalos de corrupção afastam talentos de empresas

Entre os mais jovens, 81% deixariam de se candidatar a uma vaga em companhia envolvida em casos de corrupção

Por Jéssica Alves
Atualização:

Os efeitos dos escândalos de corrupção e má gestão na reputação das empresas podem ir além do impacto imediato nos negócios e afastar talentos de todas as faixas de idade, de iniciantes no mercado de trabalho a executivos de alta gerência.

Entre os mais jovens, uma pesquisa do site de recrutamento Vagas.com mostra que 81% deles deixariam de se candidatar a uma vaga se a empresa estiver envolvida em casos de corrupção, desvio de dinheiro e má gestão. E, para 89%, o sucesso de uma companhia está ligado aos valores que ela pratica. O levantamento foi realizado com 1.400 pessoas, a maioria na faixa de 26 anos, com ensino superior completo e incompleto.

 Foto: Free Images

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O coordenador da pesquisa, Raphael Urbano, destaca que, mesmo com o desemprego na casa de dois dígitos, a preocupação persiste entre os jovens. “Os jovens hoje não têm tempo de maturar o desenvolvimento. Se é um estagiário, ele quer ser gerente em três anos e, por isso, prefere escolher uma empresa que tenha valores claros.”

Apesar desse receio, outro levantamento, elaborado pela Cia de Talentos, mostra que a Petrobrás e a Odebrecht ainda estão entre as mais admiradas por quem está começando. De acordo com Maira Habimorad, CEO da empresa, os candidatos entendem que os problemas com a Lava Jato estão restritos a um grupo de pessoas. “A impressão que eles têm é que a Petrobrás foi assaltada pelo governo e que a Odebrecht tinha que jogar o jogo.”

Já nos cargos de liderança, explica Maira, a preocupação é maior, pois é mais difícil o executivo ficar isento em caso de alguma irregularidade.

Clarissa Oliveira, sócia do Veirano Advogados, pondera que hoje poucas empresas têm o compliance como cultura. “O que a gente costuma ver é que elas só se estruturam depois que a polícia chega. Ela tem de provar que, apesar dos treinamentos e capacitação, um grupo de pessoas decidiu agir em benefício próprio”, explica.

 Foto: Infográficos/Estadão

A sócia-fundadora da LEC, Alessandra Gonsales, destaca que as companhias precisam entender que o compliance serve para cuidar da reputação. “Na hora de preencher uma vaga antes ocupada por um executivo afastado por corrupção, a empresa vai ter de ser mais convincente e até oferecer salário maior.”

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Henrique Bessa, diretor da Michael Page, especializada em cargos de média e alta gerência, explica que a legislação brasileira dá brechas para casos de corrupção porque não pune o mau funcionário. “Buscamos o candidatos só pelas referências. Quando ligamos para uma empresa em que ele trabalhou e ela diz que não pode falar, já desconfiamos que tenha um problema.”

A advogada Alessandra Gonsales defende um equilíbrio entre a proteção do funcionário e das empresas. “Quando as empresas são acusadas de lavagem de dinheiro, elas precisam adotar um procedimento de know your employees (conheça seu empregado), mas como fazer isso se a legislação não deixa?”, questiona. / COLABOROU THAÍS BARCELLOS

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