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Programa Diversidade em Conselho abre inscrições e oferece cinco bolsas para próxima turma 

Iniciativa promove mentoria de executivas que querem fazer parte de conselhos de administração; inscrições começam nesta segunda e vão até 8 de novembro 

Por Heloísa Scognamiglio 
Atualização:

O Programa Diversidade em Conselho (PDeC) abre nesta segunda-feira, 18, as inscrições para sua sexta turma. O programa oferece mentoria a executivas que já têm experiência na carreira e querem entrar para conselhos de administração, com o objetivo de combater a desigualdade de gênero nos colegiados - que ainda são compostos, em sua maioria, por homens. 

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O PDeC é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), da WomenCorporateDirectors Foundation (WCD), do International Finance Corporation (IFC), da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) e da SpencerStuart. Com duração de dez meses, o programa dará início às atividades da sexta turma em março de 2022, terminando em dezembro do mesmo ano. As inscrições podem ser feitas até o dia 8 de novembro, através do site do IBGC

O PDeC não tem fins lucrativos e é conduzido com a participação voluntária das entidades organizadoras e de profissionais de mercado. Neste ano, no entanto, haverá uma contribuição financeira das participantes. A turma terá 35 “mentoradas”, sendo que 30 delas serão pagantes e 5 poderão contar com uma bolsa. O valor da contribuição será de R$ 20.000, que pode parcelado em até dez vezes. Associadas do IBGC, da WCD ou membros do Conselheira 101 terão 10% de desconto. 

“O programa é pro bono. Mas, neste ano, pediremos a contribuição dessas 30 participantes para cobrir os custos básicos. E teremos também as cinco bolsas, destinadas àquelas que não têm condições de pagar”, explica Adriana Muratore, coordenadora do PDeC. “O programa está em um nível de maturidade em que temos entregas muito concretas, nós adquirimos essa maturidade ao longo do tempo. Então, pela duração do programa, em termos de infraestrutura, precisamos ter um valor aportado para que ele seja sustentável”, afirma. 

Adriana Muratore, coordenadora do PDeC. Foto: Divulgação

 

A iniciativa é destinada a mulheres com experiência relevante em posições seniores, no C-level (alta liderança), e também a empresárias, empreendedoras, sócias de escritório de advocacia, investidoras, consultoras, entre outras, que tenham competência equivalente. Entre os vários requisitos, o programa exige ter pelo menos dez anos de experiência profissional. Outras exigências e critérios de seleção podem ser conferidos no edital, disponível neste link.

Após a inscrição, com o preenchimento de um formulário, as candidatas passam por uma análise interna. Depois, há a fase das entrevistas e, finalmente, são selecionadas as 35 participantes. Segundo Adriana, a seleção é realizada visando formar um grupo o mais diverso possível dentro dos critérios estabelecidos. “Temos algumas perguntas autodeclaratórias no formulário que ajudam a gente a construir um perfil de diversidade um pouco além do gênero. Buscamos essa diversidade”, diz. 

Como funciona 

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O PDeC segue três pilares: mentoria, curso e eventos. A mentoria é realizada com a composição de duplas, da “mentorada” com seu mentor ou mentora, e há uma convivência direta entre os dois que inclui, no mínimo, seis encontros formais. O curso é sobre mercado de capitais e governança corporativa e é desenvolvido pelo IBGC especificamente para o programa, envolvendo palestras com o corpo de conselheiros voluntários. E os eventos ocorrem ao longo dos dez meses do programa, abordando diversos temas relacionados ao mundo dos negócios e às boas práticas de governança. 

O foco dos trabalhos é que as executivas tenham uma maior visibilidade no mercado por meio de troca de experiências e pelo fortalecimento do networking (rede de contatos corporativos). “Sabemos que há um grande número de mulheres capacitadas e preparadas para uma cadeira sênior, seja na gestão do negócio ou no conselho. Mas vemos uma dificuldade maior das mulheres, porque elas não têm um networking muito preparado como o dos homens. Nós não vamos formar as mulheres, mas sim dar visibilidade, relacionamento e um conhecimento atualizado de negócios. Damos visibilidade para a mulher preparada para o conselho”, diz Adriana. 

Desde o ano passado, por causa da pandemia de covid-19, o programa está sendo realizado de forma totalmente remota. Adriana afirma, no entanto, que a agenda não foi totalmente fechada e que, em 2022, se houver a possibilidade, alguma programação poderá ser realizada de forma presencial, em São Paulo. “Mas há muitos benefícios no remoto, como pessoas de diversos estados conseguindo participar do programa, além de diminuir os problemas com deslocamentos”, declara. 

Valeria Café, diretora de vocalização e influência do IBGC, explica que o PDeC, a partir deste ano, também irá investir mais pesado em advocacy, prática que visa influenciar tomadores de decisões sobre causas sociais, através da comunicação, por exemplo. “Testamos esse trabalho de advocacy, lançando a 'Carta ao Mercado: Diversidade na renovação dos conselhos', em que convidamos empresas, 'mentoradas' e mentores e organizações da sociedade civil que trabalham no setor financeiro a declarar seu apoio à diversidade nos colegiados. Pretendemos, a partir deste ano, com parte dessa verba, fazer um trabalho de advocacy mais efetivo em relação à importância da diversidade - e não só nos conselhos, mas na liderança em geral das organizações”, diz. 

Importância

Parte da sigla ESG, que se refere a aspectos ambientais, sociais e de governança das empresas, a diversidade em cargos de liderança está sendo exigida tanto pela sociedade como um todo quanto pelo próprio mercado. Adriana e Valéria destacam que grandes organizações financeiras já exigem a presença de mulheres nos conselhos de administração e ressaltam que é preciso ações proativas das empresas para o avanço da pauta de diversidade e inclusão.  

Valeria Café, diretora de vocalização e influência do IBGC. Foto: Divulgação/IBGC

 

Segundo o Brasil Board Index 2021, da SpencerStuart, 14,3% das posições em conselho são ocupadas por mulheres - o dado era 11,5% em 2020. Valéria afirma que é um aumento ainda muito pequeno. “Tínhamos uma média anual de crescimento de 1% da presença de mulheres em conselhos. Neste ano, saímos de 1% para cerca de 3%. O que a gente também acha que não é o suficiente, e é por aí que a gente precisa mudar”, afirma. 

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Para Valéria, quando se pensa em governança, é preciso pensar qual é a melhor composição para o conselho - e essa melhor composição envolve a diversidade. “Esse grupo deve trabalhar para trazer uma melhor estratégia para a empresa, para fazer com que a empresa tenha mais longevidade, menos risco, mais lucro, consiga ser inovadora. E, para isso, a diversidade é a base. Diversidade de gênero, etnia, idades, experiências diferentes. Se não tiver diversidade, a organização não vai conseguir reagir a esse novo mundo que a espera agora e nos próximos anos”, afirma. 

O papel do PDeC nesse cenário, segundo Adriana, é demonstrar claramente para o mercado os benefícios trazidos pela diversidade de gênero. “O que importa é que a gente consiga fazer do PDeC um influenciador do mercado, tornando claro que existem mulheres capacitadas. E também defendemos a governança. Uma governança corporativa bem implementada, e ainda com diversidade, preserva a longevidade e o sucesso das organizações. O PDeC tem como objetivo alavancar e garantir a longevidade das empresas brasileiras, através de governança corporativa e diversidade”, conclui. 

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