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Rodízio obrigatório de auditorias custa caro e cria controvérsias

Para executivos, não há evidências claras de que o revezamento apresente melhorias para os negócios

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Por Redação
Atualização:

Cerca de cinco anos depois de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter ampliado o prazo para a troca periódica de firma de auditoria externa pelas empresas abertas, o tema ainda levanta discussões. O principal debate é sobre o quanto a medida é ou não necessária para melhorar efetivamente o nível de governança das companhias. 

Atualmente, as empresas no País devem trocar a firma que audita seus números a cada cinco anos. Caso elas possuam um comitê interno de auditoria para monitorar os negócios, esse prazo é ampliado para dez anos.

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Para Idésio Coelho, presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), a postura do auditor faz toda a diferença na hora de avaliar a eficácia do rodízio. “Quando o ceticismo prevalece, o relacionamento mais longo favorece a qualidade do trabalho.” Coelho defende que não há evidências claras dos benefícios do revezamento, mas que a análise isenta do auditor, combinada a um prazo mais longo de relacionamento com as companhias, ajuda também na redução de custos no segmento.

Presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Antonio Castro vê dificuldade de adaptação por parte das firmas de auditoria à dinâmica das empresas, principalmente em um período curto. “A curva de aprendizado pode levar, em média, até 24 meses”, diz. Ele afirma não ver, na prática, os benefícios do rodízio diante dos custos que ele gera para as companhias brasileiras.

Presidente executivo da Moore Stephens, Sérgio Lucchesi Filho acrescenta que o profissional da área de auditoria se tornou mais crítico e que a fiscalização desse mercado – e a qualidade do trabalho, por consequência – aumentou. Esse quadro acaba tirando o peso do argumento que aponta o melhor serviço como um benefício direto do rodízio. “Os controles internos mantidos sobre informações financeiras emitidas pelas empresas têm sido aprimorados continuamente, como deve ser”, afirma Lucchesi.

Por outro lado, uma vez que o revezamento obrigatório de firmas de auditoria existe, as empresas brasileiras devem aproveitá-lo para melhorar seus processos e aumentar seu nível de governança: “Os gestores devem tentar tirar o melhor proveito do rodízio”, defende Andre Marini, presidente do Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA).

Ele diz que diferentes firmas podem trazer diferentes visões para as companhias sobre como tocar os negócios. “Os novos auditores costumam trazer uma visão diferenciada, que pode contribuir com sinergias, apontamentos construtivos e leitura ainda mais clara dos controles internos.”

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Marini pondera, no entanto, que cada empresa precisa encontrar a sua própria maneira de se adaptar ao quadro. “Não há uma receita perfeita”, analisa.

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