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Após leilão do BC, dólar fecha perto da estabilidade, aos R$ 3,71; Bolsa cai 0,87%

Dólar chegou a bater R$ 3,73 após decisão do banco central americano de elevar os juros, mas ação do BC trouxe moeda para perto da estabilidade

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Ana Luísa Westphalen e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

O dólar encerrou o dia perto da estabilidade, com leve variação positiva de 0,03%, cotado a R$ 3,71. Após a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), a moeda chegou a máxima do dia, de R$ 3,7382, mas passou a reduzir a alta com o terceiro leilão de swap que o Banco Central fez nesta quarta-feira, 13, colocando mais US$ 1 bilhão em dinheiro "novo" no mercado. Já a Bolsa chegou a cair 2,36% após o anúncio do Fed, mas ensaiou uma recuperação no final do pregão e encerrou em baixa de 0,87%.

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O Banco Central precisou fazer três leilões extraordinários de swap nesta quarta-feira, 13, despejando mais US$ 4,5 bilhões em dinheiro novo no mercado de câmbio, para segurar as cotações da moeda norte-americana, dia em que as atenções dos investidores estavam voltadas para a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

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Ibovespa abriu rondando a estabilidade, mas tendência de queda acabou prevalecendo Foto: Amauri Nehn|Pagos

"O Fed foi um pouco mais duro hoje", ressalta o economista-chefe da Pantheon Macroeconomic, Ian Shepherdson. Ele esperava que a maioria dos dirigentes do Fed fosse sinalizar quatro elevações dos juros em 2018 apenas na reunião de setembro, mas o movimento ocorreu já na reunião desta quarta, em meio à visão do BC de que a economia norte-americano avança em ritmo sólido.

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A avaliação é que o presidente do Fed, Jerome Powell, assumiu uma postura mais favorável a juros mais altos para conter a inflação. Ele ressaltou que os dados recentes da inflação têm sido "encorajadores" e que os índices de preços estão quase na meta do Fed.

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Em meio à volatilidade causada pela reunião do Fed, o operador de câmbio da corretora Spinelli, José Carlos Amado, avalia que o BC conseguiu "suavizar" o mercado. Antes da reunião, a moeda operava na casa dos R$ 3,70 e chegou a superar os R$ 3,73 após o encontro, voltando a cair depois do leilão. 

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Bolsa. O Índice Bovespa não ficou imune à forte reação dos mercados americanos depois que o Federal Reserve elevou as taxas de juros dos Estados Unidos e acenou com mais dois apertos monetários este ano. O principal índice acionário da B3 já vinha operando em terreno negativo desde cedo, mas ampliou o ritmo após a decisão do Fed e chegou a cair 2,36%, em linha com a queda das bolsas de Nova York e a alta dos juros dos títulos do Tesouro americano. No fechamento, o indicador se afastou das mínimas do dia e ficou em 71.122,13 pontos, com queda de 0,87%.

Internamente, causou especial desconforto a resistência do dólar no patamar dos R$ 3,71, mesmo após o Banco Central ter promovido três leilões extraordinários de contratos de swap cambial, num total de US$ 4,5 bilhões. O último leilão ocorreu justamente após o repique da moeda diante da decisão do Fed. Entre os analistas, o clima é de incerteza sobre os próximos passos do BC na busca por conter uma nova escalada da moeda ante o real.

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"O dia foi bastante tumultuado e a semana pode trazer mais agitação, uma vez que temos ainda as reuniões de política monetária do Banco Central Europeu e do Banco do Japão. No Brasil, o que se vê é o Banco Central gastando munição e o mercado de câmbio ainda muito volátil", disse Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.

O Fed elevou a taxa básica em 0,25 ponto porcentual, para a faixa de 1,75% a 2,0%, e sinalizou chegará até o final do ano com mais duas altas, totalizando quatro. Sete dos quinze dirigentes da instituição veem os juros na faixa de 2,25% a 2,50% no final do ano. Para 2019, há divisão entre duas e três elevações. O Fed também retirou de seu comunicado de política monetária da reunião de junho o trecho em que citava que os juros ficarão abaixo dos níveis esperados para o longo prazo, que constava no comunicado anterior, de maio.

"As perspectivas para os indicadores da economia americana mudaram e considero que a reação dos mercados poderia ter sido até mais negativas", disse Rafael Bevilacqua, estrategista da Levante Ideias de Investimento. "É um cenário ruim para emergentes, que pode levar os investidores a fazer novos ajustes", disse.

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