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Ações da Vale voltam a cair por causa de oferta

Por Agencia Estado
Atualização:

As ações PNA da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) fecharam ontem em queda de 1,88% na Bolsa de Valores. Foi o segundo dia seguido de queda. O desempenho dos papéis refletiu a dúvida dos investidores em relação à oferta de US$ 17,8 bilhões feita pela companhia para assumir o controle da canadense Inco, uma das maiores produtores de níquel do mundo. Apesar de a decisão da Vale ter sido interpretada como forma de diversificar negócios, já que a companhia tem grande presença no Brasil e é quase que inteiramente focada em minério de ferro, analistas consideram que a proposta eleva muito o endividamento da empresa. A Vale disputa o negócio com outros dois concorrentes . A direção da Phelps Dodge, companhia de mineração baseada em Phoenix, no Arizona, nos EUA anunciou ontem que discutirá a proposta de aquisição da Inco com o conselho da companhia no dia 25 de setembro. A proposta de outra concorrente, a Teck Cominco, expira amanhã. Analistas avaliam que a empresa terá de melhorar a oferta que fez para ter condições de competir com a proposta da Vale. A repercussão do negócio no Brasil foi positiva. Segundo Paulo Camillo Penna, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a compra da Inco trará tecnologia de exploração de níquel ao Brasil, algo que a companhia precisará nos próximos anos. "A Vale desenvolve dois projetos no Brasil e vai aproveitar a tecnologia de quem tem mais de 100 anos neste negócio", disse Penna. A Vale tem dois projetos de níquel no Estado do Pará, o Onça Puma e Vermelho, em Carajás. O Brasil é o 8º produtor mundial de níquel, com 60 mil toneladas. Se concretizar o negócio, a Vale se tornará em poucos anos um dos maiores produtores mundiais do metal. Segundo Penna, a Vale terá condições de aproveitar um mercado muito aquecido. A demanda mundial de níquel é hoje de 1,364 milhão de toneladas por ano. A produção é de 1,334 milhão de toneladas. Essa situação pressionou as cotações na London Metal Exchange (LME), a bolsa que negocia níquel, cobre, alumínio. Em agosto de 2000, diz Penna, o preço médio era de US$ 8 mil a tonelada. O preço agora chegou a US$ 27,3 mil a tonelada. Para Germano Mendes de Paula, pesquisador e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, o avanço da Vale sobre o mercado de níquel reflete algumas condições: a boa situação financeira da empresa; a falta de bons ativos de mineração de ferro à venda e a disposição de reduzir a concentração da produção no Brasil. "Se você observar as grandes mineradoras mundiais, nenhuma tem ativos tão concentrados num país como a Vale. Ao partir para outros mercados, a companhia reduz os riscos cambiais por estar muito concentrada num único lugar", afirma. O pesquisador afirma, entretanto, que a companhia também deverá enfrentar um modelo de negócio diferente. Ao contrário do mercado de minério de ferro, o de níquel não funciona com o primeiro. Como commodity, é negociado em bolsa e, por tanto, está sujeito a oscilações de mercado. "Isso não ocorre com o minério de ferro. Neste mercado, há uma relação direta entre produtor e cliente, o que não existe no mercado de níquel", explica.

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