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Aéreas passam por momento de maior incerteza, com câmbio e petróleo

Semana foi especialmente difícil para Gol e Azul; mercado está mais pessimista sobre trajetória da Bolsa, segundo Termômetro Broadcast

Por Renato Carvalho
Atualização:

Os analistas demonstram maior cautela em relação às ações das companhias aéreas listadas na B3. Esta semana foi especialmente difícil para Gol e Azul na Bolsa, com a combinação de alta do dólar e notícias não muito animadoras sobre a aprovação da Medida Provisória que libera 100% de capital estrangeiro nas companhias. O prazo de validade da MP 863 vai até a próxima quarta-feira (22), e deve caducar antes de sre aprovada pelo Congresso.

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O analista da Mirae Asset, Pedro Galdi, lista alguns motivos que justificam esta maior cautela com as empresas do setor, inclusive sem perspectiva de recuperação dos preços dos papéis. “A proposta de entrada de capital estrangeiro precisa ser aprovada, mas está parada no Congresso com outras medidas. As empresas são bastante endividadas em moeda estrangeira, e o dólar em viés de alta, como está agora, não é bom”, afirma Galdi.

Um possível evento positivo para as empresas poderá ser a definição de quem ficará com os ativos da Avianca, segundo Galdi. Para ele, Gol, Latam ou Azul terão maior potencial de negócios após a resolução deste caso.

Ricardo Peretti, estrategista de pessoa física da Santander Corretora, mantém uma “visão construtiva” para as aéreas locais, “uma vez que a competição entre Azul, Gol e Latam tende a se tornar ainda mais racional com a saída da Avianca Brasil do mercado”. Ele cita ainda o possível reaquecimento da economia e a readequação das aeronaves para diminuir custos como pontos que vão favorecer a rentabilidade do setor.

As preocupações de Peretti giram em torno da alta do dólar e do petróleo, algo que pode pressionar os custos operacionais no curto prazo. A preferida do Santander no segmento é a Azul, com preço-alvo de R$ 43, o que representa um potencial de alta de 29% em relação ao fechamento desta sexta-feira, 17.

No que diz respeito às recomendações para a próxima semana, destaque para a Marfrig, que entrou nas carteiras de Mirae e Modalmais. A Mirae ressalta que os resultados da empresa no primeiro trimestre ficaram abaixo do esperado, por conta do fraco desempenho na América do Sul. Mas os números na América do Norte vieram fortes, e devem ser ainda melhores no segundo trimestre, segundo a corretora. Além disso, há a expectativa de recuperação nas operações sul-americanas.

Na Mirae, a única ação mantida em relação à semana passada é Vale ON. Além de Marfrig ON, entraram na carteira Banrisul PNB, Petrobras PN e SulAmérica Unit.

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A Modalmais manteve somente Ser Educacional ON entre suas indicações. Além de Marfrig ON, a carteira da corretora é composta por BB Seguridade ON, Equatorial ON e Embraer ON.

A Coinvalores fez duas alterações em sua carteira, com as saídas de Petrobras PN e Ser Educacional ON, e as entradas de Cosan ON e Magazine Luiza ON. Sobre a Cosan, a corretora cita os números consistentes do primeiro trimestre, e que as perspectivas seguem positivas para o restante do ano.

A Guide fez três alterações na carteira, retirando GPA PN, Petrobras PN e Banco do Brasil ON, com as entradas de Eztec ON, Gerdau PN e Cemig PN. Sobre esta última, a equipe da Guide espera uma melhora operacional nos próximos dois anos, juntamente com uma desalavancagem financeira.

Por fim, a Nova Futura trocou toda sua carteira, que será composta essa semana por Ambev ON, B2W ON, Embraer ON, Itaú Unibanco PN e Weg ON.

No segmento, Santander preferea Azul, com preço-alvo de R$ 43. Foto: Fabio Motta/Estadão

Termômetro

A perspectiva negativa para o Ibovespa na próxima semana teve um salto no Termômetro Broadcast, cujo objetivo é captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do índice na semana seguinte. Entre 32 participantes, a fatia dos que esperam queda subiu de 25,81% na pesquisa da semana passada para 43,75%, embora a expectativa de alta tenha tido queda moderada, de 41,94% para 40,63%. Os que veem estabilidade, que na última pesquisa eram 32,26%, agora são 15,63%. A Bolsa teve perda semanal de 4,52%.

Na próxima semana, o desenrolar do cenário político segue no foco dos investidores, em especial eventuais novidades sobre as investigações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, que teve seu sigilo bancário quebrado. O temor central no momento é quanto ao impacto dos ruídos sobre a tramitação da reforma da Previdência, que voltará a ser discutida na comissão especial da Câmara na semana que vem. Além disso, o mercado vai acompanhar de perto a movimentação em torno das medidas provisórias que têm de ser votadas até 3 de junho, o que servirá de termômetro do apoio ao governo.

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A agenda doméstica também é relevante, com destaque para a divulgação do IPCA-15 de maio, na sexta-feira. "O IPCA-15 deve ter subido 0,40%, indicando alguma descompressão dos preços de alimentos e núcleos estáveis e em patamares confortáveis", preveem os economistas do Bradesco.

No exterior, as atenções permanecerão sobre as negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos. Entre eventos e indicadores, são destaque o discurso do presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, na segunda-feira , e a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), na quarta.

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