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Alta do crédito não chega à pequena empresa

Por Agencia Estado
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O volume de crédito oferecido no Brasil cresceu 29% de 2002 para cá, segundo dados do Banco Central. O salto é atribuído, principalmente, ao aumento dos empréstimos para o consumidor. Para as empresas, porém, o crescimento foi mais tímido. Uma pesquisa do Sebrae-SP mostrou que 57% das micro e pequenas empresas (MPEs) de São Paulo desejaria tomar empréstimos bancários, se fosse fácil e barato. No entanto, apenas 22% das MPEs utilizam empréstimos bancários atualmente. Ao longo dos últimos cinco anos, apenas 36% conseguiram financiamento. Apesar do crescimento no número de empresas que conseguiram crédito (eram apenas 18% em 2004), o Sebrae avalia que os números são baixos. "O déficit entre as empresas interessadas e a oferta é muito grande", diz Marco Aurélio Bedê, coordenador da pesquisa do Sebrae-SP. Para ele, a longo prazo esse cenário poderia resultar em pressão inflacionária. "O crédito ao consumidor disparou, mas os setores produtivos não têm crédito para produzir." A oferta de crédito para as indústrias de todos os portes diminuiu 3% nos últimos cinco anos. Já os setores de serviço e comércio tiveram melhoras: 18% e 30% respectivamente. A pesquisa mostrou que 22% das empresas não conseguem crédito por falta de garantias reais, exigidas pelos bancos. Para as micro e pequenas empresas, as elevadas taxas de juros e a burocracia são as maiores dificuldades de acesso ao crédito. Foi o caso de Carlos Afonso, dono do restaurante Nostra Gula, em São Paulo. "Consegui R$ 50 mil após seis meses de negociação", conta ele. "Mesmo com a empresa estabelecida e o imóvel como garantia." O dinheiro foi investido em reformas e na compra de um carro. "Quem busca crédito tem de planejar a longo prazo", diz Afonso. "Se você encontrar um veículo barato ou um imóvel, não vai ter rapidamente o dinheiro para comprá-los." Valores baixos A pesquisa mostrou que mais da metade das empresas busca valores de até R$ 20 mil. Na indústria, a média é um pouco mais alta: R$ 25 mil. "Esse valor é o dobro do valor averiguado em 2004, quando metade das empresas desejava R$ 10 mil", diz Bedê. Ele atribui o aumento à conscientização dos microempresários em relação à competitividade. "Eles sabem que precisam se diferenciar se quiserem crescer e buscam mais dinheiro para inovações." Das empresas entrevistadas, 63% disseram que usariam o dinheiro como capital de giro, 54% afirmaram que utilizariam os recursos para ampliações e aquisições. Mas com a dificuldade, a maioria recorre à negociação de prazo com fornecedores, cheques pré-datados e ao cheque especial. "Os recursos existem, mas as empresas não chegam a ele", diz o superintendente do Sebrae-SP, José Luis Ricca. Na semana passada, o presidente do BNDES, Demian Fiocca, disse que o banco teria capacidade de atender toda a demanda que surgisse. "Mas somado às dificuldades, ainda há muito desconhecimento em relação às ofertas de crédito", diz Ricca. "Os empresário não conhecem linhas como Proger, Cartão BNDES ou outras."

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