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Analistas destacam prejuízo para imagem da Gol e Embraer

Por Agencia Estado
Atualização:

O acidente ocorrido com o Boeing 737-800 da Gol e o jato Legacy, fabricado pela Embraer, na última sexta-feira (29), deve contribuir para a volatilidade dos papéis das duas empresas no curto prazo, segundo especialistas consultados pela Agência Estado. A expectativa, no entanto, é de que as ações voltem ao ritmo normal assim que forem apuradas as causas do acidente - o que não impede, no entanto, que a imagem das duas companhias saia arranhada do episódio. Na opinião do analista de aviação da Fator Corretora, Eduardo Puzziello, a Gol deverá ser a maior prejudicada. A expectativa inicial do especialista é de que a companhia aérea deve perder market share para outras concorrentes, como TAM e Varig, esta última em fase de recuperação judicial. "Ainda é cedo para falar de quem é a culpa, até porque há muitas especulações, mas certamente a imagem dessas empresas sai prejudicada de um fato como esse", avalia. O analista destaca que ainda é muito cedo para avaliar o impacto do acidente no fluxo de caixa das companhias, mas lembra que a Gol tem seguro tanto para pagar a indenização das famílias das vítimas quanto para a aeronave. Puzziello ressalta ainda que a Gol está seguindo o plano emergencial estipulado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para casos de acidentes, o que inclui a divulgação de informações à mídia, além da assistência às famílias. "Eles estão tendo muito mais transparência do que a TAM em 1996, por exemplo, com o acidente ocorrido em São Paulo. Isso deverá reduzir o impacto sobre os papéis da empresa (Gol)", observa. No caso da Embraer, o acidente também é negativo, já que pode trazer seqüelas para um segmento no qual a companhia tem atuado agressivamente, que é o de jatos executivos. "O acidente pode impactar a imagem da empresa, principalmente no exterior", afirma. Da mesma forma que a Gol, o especialista pondera que ainda é cedo para avaliar impactos no desempenho financeiro da fabricante de jatos. Para o analista Pedro Galdi, da ABN Amro Real Corretora, a expectativa de indenização para as famílias e a imagem da marca Gol são os principais fatores negativos para a companhia aérea. "Os papéis deverão seguir voláteis enquanto não se apurar as causas do acidente", afirma. Galdi prefere não avaliar o impacto de uma eventual indenização para um acidente desse porte em relação ao fluxo de caixa da companhia aérea e explica que, em muitos casos, a questão segue na Justiça e pode até levar anos para ser definida. "De qualquer forma, a empresa deve perder receita, já que tem uma aeronave a menos prestando serviço", lembra. O analista do HSBC Research Fábio Zagatti destaca que os acidentes aéreos são mal recebidos pelos investidores e a expectativa é que as ações da Gol reajam negativamente num primeiro momento. Os papéis da Embraer também devem sofrer, mas em menor intensidade. Em relatório divulgado hoje, Zagatti ressalta que os acidentes aéreos quase sempre ocorrem em decorrência de uma série de erros, somente evidenciados pela análise dos dados das caixas-pretas e dos sistemas controladores de vôo - quando então serão tiradas conclusões acerca das diversas possibilidades. Dentre elas, a de falha mecânica é inegavelmente a pior para uma companhia aérea, e muito mais para a fabricante da aeronave envolvida. "Antevendo por conseqüência um ambiente de volatilidade, recomendamos aos investidores mais conservadores que reduzam suas posições em ações da Gol", afirma o HSBC. O comentário destaca, no entanto, que o histórico da TAM, que viu suas aeronaves Fokker 100 envolvidas em pelo menos três ocorrências graves nos últimos anos, demonstra que as dificuldades, mesmo nos casos em que se verifica falha mecânica, acabam sendo contornadas pela administração da companhia. Isso tem ocorrido sem prejuízo para as operações e o reconhecimento por parte dos passageiros no médio prazo, dado que, no final das contas, existe a percepção de que fatalidades infelizmente são inerentes à atividade de transporte aéreo. "Dessa forma, em seqüência a uma eventual forte realização nas ações da Gol, ampliada muitas vezes por uma reação psicológica diante das incertezas, não se deve desconsiderar esse movimento como uma excelente oportunidade de compra", afirma. A expectativa do analista é que as investigações sobre as causas do acidente levem pelo menos 90 dias.

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