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Atuações de BC e Tesouro suavizam disparada dos juros

As autoridades brasileiras agiram de forma conjunta para minimizar o avanço das taxas futuras e do câmbio

Por Marcio Rodrigues e da Agência Estado
Atualização:

Depois de o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, ter praticamente definido um cronograma para a retirada dos estímulos à economia dos Estados Unidos pelo banco central norte-americano, as autoridades brasileiras tiveram que agir de forma conjunta para conter a disparada dos juros futuros e do dólar nesta quinta-feira, 20.

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Para tentar segurar o dólar, o Banco Central fez um leilão de swap cambial (que oferece moeda no mercado futuro) e dois de linha (oferta de divisas no mercado à vista). Enquanto isso, o Tesouro fez recompra de títulos públicos de diversos vencimentos, a fim de estancar a força vendedora dos papéis e trazer algum parâmetro de preço para os juros. Além disso, rumores sobre uma mudança ministerial, que incluiria a Fazenda, depois desmentidos pelo Planalto, deixaram os negócios voláteis.

Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para outubro de 2013 (182.175 contratos) estava em 8,54%, de 8,46% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2014 (384.795 contratos) marcava 9,10%, ante 9,00% na véspera e de 9,13% na máxima. Os juros embutem chance majoritária de a Selic subir 0,75 ponto porcentual no encontro de julho da autoridade monetária, com a Selic terminando o ano em, pelo menos, 10,25%.

O vencimento para janeiro de 2015 (388.965 contratos) indicava taxa de 10,46%, ante 10,41% na véspera e 10,80% na máxima. Na ponta mais longa, o contrato para janeiro de 2017 (200.135 contratos) apontava 11,63%, ante 11,50% do ajuste anterior e 12,11% na máxima. O DI para janeiro de 2021 (18.640 contratos) estava em 11,93%, de 11,63% do ajuste anterior e 12,12% na máxima.

"O presidente do Fed abriu a caixa de Pandora. Agora, o governo vai conseguir, no máximo, amenizar os movimentos dos mercados, mas não dá para ir contra", afirmou um operador. "O problema disso tudo é que a disparada do dólar pega o Brasil em um momento de inflação muito elevada e de certo descontrole da política fiscal. Ou seja, pode fazer com que o aperto monetário já iniciado pelo Banco Central tenha que ser ainda mais intenso", continuou.

O Tesouro recomprou quase R$ 1,4 bilhão em três títulos diferentes, na tentativa de reduzir a disparada das taxas de juros. Além disso, anunciou que voltará a fazer operações de resgate antecipado nesta sexta-feira, 21, para os mesmos papéis (LTN, NTN-F e NTN-B).

O dólar à vista no balcão fechou a R$ 2,2590, com alta de 2,45%. O salto da cotação ocorreu depois de o BC ter vendido quase US$ 3 bilhões em contratos de swap e ofertado outros US$ 3 bilhões em duas operações de venda de dólar com compromisso de recompra. Os investidores ficaram de olho na cotação, que bateu máxima de R$ 2,2760 (+3,22%) pela manhã. "O BC pode suavizar a alta do dólar, mas essa não é uma tendência temporária", afirmou uma fonte. "Em um ambiente de inflação deteriorada, isso não é bem-vindo", ressaltou.

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