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Balanço social ainda pode crescer

Por Agencia Estado
Atualização:

A publicação de balanços sociais - documentos nos quais as empresas prestam contas de sua atuação social e ambiental - ainda está longe de fazer parte da realidade das companhias brasileiras. "Houve um 'boom' na publicação desses balanços entre 1999 e 2003. Hoje há poucos avanços", diz Claudia Mansur, coordenadora de Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). Segundo Cláudia, a exceção fica para as micro e pequenas empresas, que se mostram a cada dia mais atentas à responsabilidade social, até por exigência de seus clientes. "É nas pequenas empresas que a publicação dos balanços tende a crescer, puxada pelas cobranças das grandes empresas que compram seus produtos", explica. O Ibase, ONG criada pelo sociólogo Herbert de Souza, foi a primeira instituição a apresentar, ainda na década de 1990, um modelo de balanço social para os grupos brasileiros. A mais recente pesquisa do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, ligado à Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, divulgada na semana passada, dá uma mostra da pouca penetração dos balanços sociais entre as empresas brasileiras. Entre os 3.110 grupos de todo o País ouvidos pela pesquisa - todos retirados do cadastro da ADVB -, apenas 29% publicam balanços sociais. O estudo mostra, por outro lado, que o investimento empresarial em projetos sociais está crescendo: o gasto das empresas com esses projetos aumentou 28% no ano passado em relação ao ano anterior. Mas a publicação dos balanços só cresceu um ponto percentual: em 2004, 28% das empresas apresentaram o documento. Segundo Livio Giosa, diretor do Instituto ADVB, as empresas mais dependentes do mercado internacional - basicamente, as exportadoras - têm uma preocupação maior de publicar o documento, já que pode se tornar um verdadeiro cartão de visitas em alguns mercados. Na Europa, por exemplo, pode se tornar um importante diferencial na hora de fechar negócios. "As empresas de capital aberto também têm mostrado mais preocupação com a publicação do balanço social", diz Giosa. "o mundo inteiro, os investidores estão mais atentos a esse tipo de informação." No Brasil, um dos termômetros para se avaliar a preocupação das empresas em publicar esses documentos é o prêmio anual Balanço Social, que avalia os melhores relatórios. Este ano, foram premiadas empresas como Samarco Mineração, Usiminas e Banco Itaú. Mas o número de inscritos caiu sensivelmente este ano: foram 69, ante 166 no ano passado e 167 em 2004. De acordo com Cláudia, do Ibase, uma das entidades que promovem o prêmio, a redução ocorreu porque o regulamento da premiação se tornou mais rigoroso e também por causa da estagnação no número de empresas que publicam esses balanços. Modelo internacional Fora do Brasil, a Global Reporting Initiative (GRI), entidade que fornece um modelo internacional para publicação de balanços sociais, fez algumas mudanças nas regras. Agora, as empresas preenchem uma planilha que fica disponível para consulta no site da entidade - uma reivindicação feita pelo mercado financeiro, em busca de maior transparência. "As empresas tendem a ficar mais expostas, o que facilita a análise dos bancos e investidores", explica Christopher Wells, superintendente de risco socioambiental do ABN Amro Real. O modelo da GRI é considerado complexo, e são poucas as companhias no Brasil que adotam o padrão: 19, incluindo empresas de capital nacional, como Petrobrás e Natura, e multinacionais com operação no País, como a Philips. No mundo todo, são 895 empresas.

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