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Banco central dos EUA continuará injetando recursos no sistema bancário

Fed disse que realizará operações até outubro; para especialista, instituição está agindo como credor dos bancos para chegar ao equilíbrio entre oferta e demanda por títulos públicos americanos

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Por Redação
Atualização:

NOVA YORK - O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, planeja injetar dinheiro no sistema bancário americano até o início de outubro, em uma tentativa de evitar outra perturbação do mercado. Analistas, porém, veem necessidade de a autoridade propor correções de longo prazo.

Prédio do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano Foto: KAREN BLEIER/AFP

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No início desta semana, as taxas de juros no mercado de repo, título público que será recomprado pelo governo, dispararam para níveis não vistos desde o auge da crise global de crédito em 2008.

Bancos e Wall Street, onde fica a Bolsa de Nova York, contam com esse mercado de US$ 2,2 trilhões em recursos para financiar empréstimos e operações em outros mercados, incluindo ações e títulos.

As taxas no mercado de recompra (repo) bateram 10% na terça-feira, impulsionando outras taxas de curto prazo.

Demanda em alta

Analistas culparam pela enorme demanda de caixa o pagamento de impostos corporativos trimestrais e a liquidação (ocorrida na segunda-feira) da venda de US$ 78 bilhões em Treasuries (títulos do tesouro americano), operação ocorrida na semana passada.

Os profissionais também atribuíram o declínio no excedente de reservas —para cerca de US$ 1,4 trilhão, de US$ 2,3 trilhões em 2017— à redução da carteira de títulos detida pelo Fed.

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O BC dos EUA entrou em ação no início da terça-feira, colocando dinheiro temporário em larga escala pela primeira vez em mais de uma década para amenizar o nervosismo dos mercados.

Credor de bancos

“O Fed está simplesmente agindo como credor dos bancos a fim de oferecer apoio para que as instituições financiem o mercado, ajudando assim a equilibrar o descompasso entre oferta e demanda que puxou para cima as taxas do mercado repo”, escreveram analistas da empresa de serviços financeiros KBW em nota.

Desde terça-feira, o Fed realizou quatro rodadas de operações compromissadas, com bancos e dealers (negociadores de títulos públicos) tomando empréstimos utilizando sua carteira de Treasuries e outros títulos como garantia.

Nesta sexta-feira, o Fed de Nova York, que implementa as ações de mercado pelo banco central, disse que realizará mais operações compromissadas até outubro.

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Essa medida foi uma das principais razões pelas quais o Fed cortou na quarta-feira os juros que paga aos bancos sobre as reservas bancárias e em operações reversas no mercado de repo.

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Diferentemente de outros episódios de forte alta nas taxas do mercado de repo, alguns analistas dizem que o que assustou o Fed na terça-feira foi o fato de que havia forte indicação de que o custo de empréstimos no mercado de fed funds estava acima do limite superior da meta de juros do Fed, até então entre 2,00% e 2,25%.

O Fed tem como meta a taxa das fed funds para conduzir a política monetária.

Possível perda de controle

Se essa condição persistir, poderá gerar medo nos mercados de que os formuladores de política monetária estejam perdendo o controle das taxas de juros de curto prazo, disseram analistas.

Embora as operações de recompra devam fornecer uma ajuda temporária, analistas disseram que o Fed precisa oferecer soluções mais permanentes.

“As condições subjacentes que deram origem ao estresse no financiamento ainda estão em vigor”, disse Guy LeBas, estrategista-chefe de renda fixa da Janney Montgomery Scott, na Filadélfia.

Outros analistas disseram que os formuladores de política monetária deveriam considerar o anúncio de um mecanismo permanente chamado “standing repo facility” (que ajudaria a melhorar as condições de liquidez) e/ou o aumento das compras de Treasuries.

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