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BC atua 2 vezes, mas dólar sobe e fecha a R$ 2,1780

Com avanço de 0,23%, a moeda dos EUA tem o maior patamar de fechamento desde 30 de abril de 2009

Por Fabrício de Castro e da Agência Estado
Atualização:

Duas atuações do Banco Central (BC) no período da manhã, por meio de leilões de swap cambial, que se traduzem por mais dólares no mercado futuro, foram insuficientes para segurar a moeda norte-americana nesta terça-feira, 18. Os efeitos foram momentâneos e o dólar voltou a fechar em alta ante o real no mercado de balcão.

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O avanço da moeda dos EUA no exterior, as preocupações com a economia brasileira e a busca por hedge (proteção) no mercado futuro motivaram o movimento, com o dólar à vista encerrando com avanço de 0,23%, para R$ 2,1780, o maior patamar de fechamento desde 30 de abril de 2009.

Na máxima da sessão, às 9h24, o dólar atingiu R$ 2,1850 (+0,60%) e, na mínima, às 10h12, marcou R$ 2,1610 (-0,51%). A cotação mínima foi verificada após os dois leilões, em sequência, feitos pelo BC. Perto das 16h30, a clearing de câmbio da BM&F registrava giro financeiro de US$ 1,800 bilhão. O dólar pronto da BM&F teve leve baixa de 0,06%, para R$ 2,170, com apenas três negócios. No mercado futuro, o dólar para julho era cotado a R$ 2,1845, em alta de 0,41%.

Pela manhã, o avanço do dólar no exterior também puxava as cotações, ao mesmo tempo em que havia forte pressão de alta no mercado futuro. Profissionais disseram que, com o avanço mais recente do dólar e as preocupações com a inflação brasileira, as empresas aumentaram a procura por hedge, por meio da compra de moeda estrangeira no mercado futuro.

"Parece ter ficado uma impressão de que o Banco Central está satisfeito com o atual patamar do câmbio, de R$ 2,10 a R$ 2,15. Mas existe a impressão de que, no futuro, o dólar possa subir mais, em razão do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano). Então as empresas se protegem", explicou Sidney Nehme, sócio da NGO Corretora. "É um movimento geral, com o mercado apostando na alta do dólar. Por isso as empresas fazem hedge", acrescentou um profissional da mesa de câmbio de um grande banco.

O problema é que, em meio ao cenário de indefinição, está difícil encontrar vendedores de moeda no mercado futuro. "Quem vai vender agora?", vem questionando outro profissional. Sobra justamente para o BC a função de vendedor de moeda no mercado futuro, por meio dos leilões de swap.

Com as atuações, o BC conseguiu manter o dólar em baixa durante boa parte da sessão. Mas o exterior, onde a moeda norte-americana estava em alta, na véspera da reunião do Fed, foi gradativamente conduzindo o dólar para o território positivo, fazendo a moeda encerrar a R$ 2,1770. A nova alta da moeda favoreceu o avanço das taxas dos contratos futuros de juros, em um contexto em que o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse no Senado que não há utilização de política cambial "nem para incentivar a economia nem para estabilizar a inflação".

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